Metrô refaz projeto para salvar prédios

Jornal da Tarde Entre a Liberdade, região central, e a Brasilândia, zona norte, são muitos os casarões, as fábricas e as escolas que ajudam a contar a história de São […]

qua, 11/01/2012 - 15h12 | Do Portal do Governo

Jornal da Tarde

Entre a Liberdade, região central, e a Brasilândia, zona norte, são muitos os casarões, as fábricas e as escolas que ajudam a contar a história de São Paulo. Entre os dois bairros será construída a Linha 6-Laranja do Metrô e, para preservar a memória da cidade no trecho da obra, o projeto do novo ramal teve algumas alterações. A ideia é manter as características de 26 bens e áreas tombados por órgãos de preservação do patrimônio histórico. Alguns levaram até a mudanças no projeto.

É o caso das futuras estações Bela Vista e São Joaquim, na região central. Os acessos de ambas tiveram de ser repensados depois que se constatou que eles afetariam imóveis tombados. Uma dessas edificações, diz o diretor de expansão e planejamento do Metrô, Mauro Biazotti, fica no número 708 da Rua Rui Barbosa. “No projeto inicial, ele seria utilizado para a construção da Estação Bela Vista, ou seja, o imóvel seria demolido.”

Porém, depois de verificado o status da construção, o projeto da parada foi alterado, e o imóvel, poupado. A mesma estação incorporará dois imóveis antigos, que, a princípio, seriam derrubados. A mudança foi feita após recomendação do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). São dois sobrados do início do século passado ocupando os números 1.512 e 1.523 da Avenida Brigadeiro Luís Antônio. Eles vão virar entrada da estação e terão suas fachadas restauradas com as características originais.

“Os usuários vão entrar pelos imóveis. Em um deles, hoje há um bar”, diz Alfredo Nery Filho, gerente de concepção de arquitetura do Metrô. Segundo ele, as edificações estão descaracterizadas. “Poderíamos redesenhar o acesso e não usar esses imóveis. Mas como o Conpresp tinha interesse em recuperá-los, decidimos usá-los e restaurá-los conforme a técnica exigida pelo órgão de proteção.”

Na Estação São Joaquim, que será integrada à parada da Linha 1-Azul que já existe, um conjunto de habitações tombadas nos números 34, 36, 44 e 46 da Rua Pirapitingui fez com que o Metrô reconfigurasse a futura entrada. “Revimos o projeto do acesso e o diminuímos o máximo possível para poder preservar esses imóveis”, diz Nery Filho. Diferentemente dos sobrados na Brigadeiro, o casario não será desapropriado.

Para a elaboração do projeto da Linha 6-Laranja, que terá 15 estações e 15,9 km de comprimento, o Metrô mapeou 26 bens tombados a até 300 metros do percurso da linha. Pontos como o Cemitério da Consolação, o Instituto Mackenzie, o Estádio do Pacaembu, os edifícios antigos da PUC e o Sesc Pompeia aparecem na relação de imóveis que passaram por um diagnóstico arqueológico e de patrimônio histórico.

O estudo revelou restrições, como, por exemplo, quanto ao bloqueio da visibilidade dos bens tombados. No caso do Pacaembu, uma saída de ventilação será construída na Rua Itápolis, perto do estádio. “A edificação não poderá gerar um impacto visual que atraia a atenção”, afirma Biazotti. O Metrô fará uma pequena praça no entorno. No caso da Estação Bela Vista, houve revisão das torres de ventilação para evitar desapropriação de imóvel tombado no número 1.438 da Brigadeiro.

As obras devem começar em março de 2013. A abertura do primeiro trecho, entre Brasilândia e Água Branca, deve ocorrer em 2016. Já o resto, até São Joaquim, em 2020.