Metrô de SP terá programação cultural

Metro / coluna Cesar Giobbi

qui, 24/06/2010 - 8h06 | Do Portal do Governo

Diversas estações da cidade devem ganhar, a partir de setembro, mais de 20 horas de programação cultural. Entre as atrações, cinema, espetáculos teatrais e até a aulas de dança de salão. Um público de quatro milhões de pessoas irá se beneficiar com a iniciativa. Um anúncio na grande imprensa, ontem, me chamou a atenção. A empresa Cinemagia informava que será a nova programadora cultural do Metrô de São Paulo. Fiquei imediatamente interessado pois, anos atrás, fui fazer uma matéria para uma emissora de TV, mostrando a arte que era possível ver no Metrô paulistano.O que havia para mostrar, tirando a arte pública que foi encomendada para cada estação ou em painéis colocados em túneis de ligação, era muito pouco. Sobretudo, o que era temporário, normalmente em lugares de acesso difícil e pouco frequentados. É claro que sempre haverá os belos painéis de Maria Bonomi, na Estação da Luz-Pinacoteca. Mas quantos mais?

Por isso, foi com curiosidade que liguei para a empresa e conversei com Matteo Levi, que me contou sobre a proposta com que o consórcio BusMagia, do qual faz parte, ganhou a licitação no dia 10 de junho e que estará à disposição do público a partir do fim de setembro inicialmente em cerca de 20 estações das variadas linhas. Mas o projeto, cujo contrato foi assinado na semana passada, não é nada singelo. A proposta da empresa de Levi é apresentar 20 horas de programação cultural, diariamente, em cada vez mais estações e para um público total de quatro milhões de pessoas. Uau!

Levi conta que há espaços de quase mil m² que ele poderá usar, em estações importantes como Barra Funda-Palmeiras, Sé, São Bento, Sacomã. Outras estações têm espaços que não chegam a 200 m². Mas mesmo assim, dá para oferecer de cinema a aulas de dança de salão, shows de música e dança e espetáculos teatrais. Nas cafeterias e revistarias, que já existem epassarão para a administração da Cinemagia, podem ser realizadas palestras, lançamentos de livros e até stand up. A imensa maioria desses espaços está bem posicionada, exatamente na rota do público usuário. Alguns estão mais escondidos, mas o público será convidado a visitá-los através de circuito interno de TV.

Levi informa também que a ideia é manter as bibliotecas, um projeto que já existe há vários anos, e que é um exemplo de cidadania. Em algumas estações, elas oferecem livros variados, que são devolvidos em mais de 95% dos casos. Haverá também exposições sobre a história dos bairros onde as estações estão situadas e sobre história de times de futebol locais. Para tanto, equipes estão sendo contratadas para levantamento de dados e de material ilustrativo.

O importante é que toda a programação oferecida será gratuita. A realização do projeto será possível com a venda de patrocínios. E não valerá apenas para os usuários do Metrô, mas para os moradores do entorno das estações, que podem entrar e usufruir. Levi está estudando também a possibilidade de usar os espaços para oficinas de capacitação. Por exemplo, oferecer aulas de informática básica em alguns espaços, lá pelas 22h, depois do fim do fluxo do rush. Da licitação, participaram muitas empresas, segundo Levi. A Cinemagia ganhou não só pelas ideias, mas pelo knowhow.

Ele conta que já tem contratos com a Prefeitura de São Paulo para fazer 600 sessões por mês de cinema em Ceus. E que é responsável pelo projeto Cinema Itinerante, uma caravana que atende periferias de grandes cidades e cidades sem cinemas, projetando filmes para platéias de três mil pessoas. Em novembro de 2009, assinou outro contrato com o município, o acordo Cem Pontos de Cinema, que leva cinema gratuito a diversos pontos de São Paulo, com tecnologia criada pela Cisco especialmente para a Cinemagia, em equipamentos Sony. Ou seja, com tanta experiência, dá para esperar que o projeto cultural do Metrô saia a contento e que o cidadão receba uma oferta cultural de qualidade, sem pagar nada.