Metrô de São Paulo terá mais dois shoppings

Valor Econômico - Sexta-feira, 4 de novembro de 2005

sex, 04/11/2005 - 10h47 | Do Portal do Governo

Carolina Mandl
De São Paulo

Nas estações de metrô da cidade de São Paulo circulam, por dia, 2,5 milhões de pessoas. Em meio às idas e vindas do trabalho, da escola ou do passeio, pode haver um minuto para as compras. É de olho nessa possibilidade que dois grupos de incorporadores decidiram erguer dois shoppings junto às estações Tucuruvi e Itaquera, em São Paulo, com investimentos de R$ 330 milhões.

‘O grande diferencial de se ter um shopping no metrô é a garantia de tráfego de pessoas’, diz Paulo Emílio de Castro, diretor do consórcio formado pelas empresas Construbase, Participa, CEI e Taquari, responsáveis pelo shopping Metrô Itaquera.

Além da construção do novo shopping, o grupo também decidiu ampliar as instalações de outro shopping explorado por eles, o Metrô Tatuapé, por causa dos resultados que tem obtido. Nessa expansão na avenida Radial Leste, zona leste de São Paulo, o consórcio investirá R$ 130 milhões para a abertura de outras 180 lojas.

A incorporadora JHSF, responsável pelas obras do shopping no metrô Tucuruvi, também decidiu ampliar o prédio de outro shopping de estação administrado por eles. Por causa das vendas crescentes, o Santa Cruz ganhará no próximo ano mais 50 lojas, totalizando 170 lojas. O projeto original previa essa ampliação apenas daqui a três anos.

Segundo José Auriemo Neto, presidente da JHSF, a procura dos lojistas por mais espaços era crescente e por isso decidiu-se antecipar a expansão. O shopping teve vendas de R$ 221 milhões no ano passado e neste ano a previsão é que cresçam 26%.

No caso do Tucuruvi, a JHSF viu uma oportunidade de negócio na região. ‘O único shopping da zona norte da cidade é o Center Norte’, explica Auriemo Neto, da JHSF. O novo concorrente terá 70 mil m2 de área total.

Hoje, das 52 estações de metrô de São Paulo, apenas duas têm shoppings: Tatuapé e Santa Cruz. A idéia surgiu há quase dez anos, quando a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) se deparou com alguns terrenos ao redor das estações que não estavam sendo utilizados. ‘Muitas áreas foram desapropriadas sem necessidade’, explica Reynaldo Dinamarco, gerente de comercialização de novos negócios do Metrô.

A solução mais óbvia naquele momento parecia ser vender esses terrenos. Mas o Metrô decidiu transformá-los em uma nova fonte geradora de renda. ‘Ao vendê-los, receberíamos um cheque e pronto. Com a concessão de um shopping, teríamos uma receita muito maior, garantida por dezenas de anos’, diz Dinamarco.

O Metrô recebe mensalmente dos investidores do shopping uma porcentagem das vendas das lojas. Neste ano, os centros comerciais Tatuapé e Santa Cruz irão gerar uma receita de cerca de R$ 10,5 milhões para e empresa.

Comparados aos mais de R$ 800 milhões de receitas tarifárias do Metrô, os shoppings não representam muito, mas a intenção é fazer esses outros negócios ganharem importância por causa da lucratividade deles. A atividade principal do metrô, a operação das estações, é deficitária. Em 2004, ele teve um prejuízo de R$ 392,1 milhões.

Por esse motivo, o Metrô deve colocar em breve em licitação as áreas onde estão as próprias estações. ‘A idéia é construir ao redor da estação prédios comerciais ou até mesmo residenciais. Em outros países é muito comum ter uma estação dentro de um edifício’, diz Dinamarco. Os primeiros pontos licitados devem ser Santana, Marechal Deodoro, Vila Mariana e Vila Madalena.

Para os empreendedores, estar no metrô também representa uma oportunidade melhor de negócio. ‘A área de influência de um shopping se expande muito quando ele está perto do metrô porque o acesso das pessoas é facilitado’, afirma Castro, do shopping Metrô Tatuapé.

O diretor explica que na região de Itaquera não existe outro shopping, além disso há ligação da área com trens que partem de outros municípios paulistas como Itaquaquecetuba, Poá e Mogi das Cruzes, o que expandirá a área de influência do shopping. Esse novo centro comercial terá 200 lojas em 40 mil m2 de área comercial.

De acordo com Felipe Horta, diretor da divisão de shopping centers da JHSF, cerca de 60% do público do shopping Santa Cruz chegam por meio do metrô, por exemplo. Porém, na hora de se montar o mix de lojas, o perfil do usuário de metrô não é o único fator considerado.

‘O metrô tem uma áurea de coisa popular. Mas ele atinge principalmente as pessoas que moram naquela região. Por isso as lojas devem ser criadas seguindo o padrão de vida da vizinhança’, explica Horta.

Nas atuais estações do metrô, segundo Dinamarco, não há mais espaço disponível para a construção de shoppings de grande porte. A última área disponível foi a do Tucuruvi.