Metrô: bilheterias mais seguras

Jornal da Tarde - Quinta-feira, 11 de dezembro de 2003

qui, 11/12/2003 - 14h02 | Do Portal do Governo

O número de assaltos nas bilheterias teve diminuição de 65% nos últimos 13 dias, o que inclui as estações mais perigosas, como as da Zona Leste. Segundo o Metrô, medidas como a bomba que lança tinta vermelha – noticiada primeiro pelo JT – ajudaram a diminuir a insegurança no sistema

RAFAEL BARION

Na contramão da tendência tradicional dos finais de ano, quando as ocorrências de segurança no metrô costumam aumentar, o número de assaltos – e tentativas de assalto – às bilheterias do sistema diminuiu em 65% nos últimos 13 dias.

Até o dia 26 de novembro, a média diária de assaltos era de 0,86. Nos 13 dias seguintes, até anteontem, a média caiu para 0,3 roubos diários. Foram apenas três assaltos – dois na Estação Guilhermina-Esperança, o último deles na terça-feira, e um na Estação Vila Madalena -, além de uma tentativa frustrada.

Para a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), o que causou a queda na criminalidade foram as bombas de tinta vermelha – chamadas de Securitypac – que passaram a ser testadas nas bilheterias no fim de outubro.

No dia 20 de novembro, o equipamento fez a sua primeira vítima. A bomba explodiu nas mãos de Carlos Alberto da Silva, de 20 anos, que havia levado R$ 911,70 – junto com o dispositivo de segurança – da bilheteria da Estação Patriarca, na Zona Leste. No dia 26, o JT divulgou com exclusividade o caso. Desde então, os roubos diminuíram.

‘A queda nos assaltos aconteceu em função das bombas e da repercussão da matéria que o JT fez sobre o assunto-, disse Luiz Carlos David, presidente do Metrô. ‘Por causa do bom resultado, o Metrô adquiriu mais 60 bombas, para abastecer todas as estações.’

Fabricado pela empresa norte-americana 3SI, o dispositivo é acionado automaticamente, por um sistema de ondas, quando deixa a estação. Assim que explode, faz surgir uma nuvem de fumaça que envolve o assaltante. Em seguida, libera o corante vermelho – que é difícil de ser removido da pele.

Por razões de segurança, o Metrô não divulga, porém, em que local o equipamento é colocado, dentro da bilheteria, nem detalhes sobre o seu funcionamento.

Segundo Decio Tambelli, diretor de Operações do Metrô, a idéia de testar as bombas nas bilheterias surgiu em conseqüência do aumento no número de ocorrências nas estações em 2003. ‘Segurança é uma área que exige inovação constante. Aprendemos com a polícia que é preciso buscar novas estratégias de combate’, diz.

Até o ano passado, o número de assaltos nas estações vinha diminuindo anualmente. Foram 30 roubos mensais, em média, em 2001, contra apenas 16 em 2002. Nesse ano, o número pulou para 26. ‘É uma questão sazonal. Se há repressão maior em uma área, os assaltantes migram para outra’, diz.

Para o ano que vem, o Metrô prepara outras estratégias: vai investir R$ 1 milhão na blindagem das bilheterias de 14 estações, por exemplo. Hoje, a única bilheteria blindada, com base de concreto, fica na Estação da Luz. ‘Vamos começar por aquelas que têm mais movimento’, diz Tambelli. As bilheterias de fibra, sem base de concreto, ganharão chapas metálicas na estrutura.

O sistema de monitoramento das bilheterias também vai melhorar. Câmeras mais modernas, com capacidade de aproximação da imagem e gravação digital serão instaladas. Algumas estações vão ganhar câmeras externas – que hoje só existem na Estação Patriarca.

A empresa vai investir ainda R$ 3milhões em um Centro de Controle de Operações (CCO) só para controlar a segurança. ‘O monitoramento que há hoje foi feito para controlar o fluxo de passageiros, por isso precisa ser modernizado’, diz Tambelli. ‘A possibilidade de que alguém assalte uma estação e não ser detido ficará pequena.’

Nunca tantos ladrões foram presos

A compra das bombas de corante não foi a única conseqüência do aumento do número de assaltos às bilheterias do Metrô em 2003. O crescimento da criminalidade obrigou também que as investigações das ocorrências e a perseguição aos assaltantes se tornasse mais rigorosa. ‘Nunca detivemos tantos ladrões de bilheteria’, diz Decio Tambelli, diretor de Operações da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô).

No ano passado, a média mensal de assaltantes presos por mês foi 3,5. Em 2003, o número cresceu para 5,9, até outubro – quando foram detidos 13 criminosos. ‘As parcerias que temos com as Polícias Civil e Militar têm ajudado muito’, diz o diretor.

As ações não foram suficientes, porém, para evitar os cerca de 26 assaltos mensais às bilheterias, nesse ano. As estações campeãs de assaltos até novembro estavam todas na Linha 3, que atravessa a Zona Leste. Belém e Parque Dom Pedro II aparecem no topo da lista, com 22 assaltos.

Segundo o delegado Valdir de Oliveira Rosa, titular da Delegacia de Polícia do Metropolitano (Delpom), o problema na Estação Belém era um assaltante recorrente, que foi preso há cerca de 15 dias, depois de realizar 14 assaltos à bilheteria do local.

‘Em algumas vezes, o valor não passava de R$ 50. Até perguntei se não sabia que estávamos atrás dele. Preferia arriscar’, disse Rosa. Na Estação Parque Dom Pedro II, o que favoreceu os assaltos, para o delegado, foi o fato de a bilheteria não ficar dentro da estação, como na maioria das outras.

A Patriarca, local onde a bomba de corante explodiu pela primeira vez, foi a terceira mais assaltada, com 20 ocorrências. Segundo os agentes de segurança da estação, o que facilita os assaltos é o acesso fácil para a rua. ‘Mas a estação ficou um mês sem roubos, depois da instalação da bomba’, diz Rosa. ‘Os assaltantes sabiam que algum sistema diferente tinha sido instalado. Só não sabiam o que era.’