Meta do Instituto do Câncer é ser como InCor, diz secretário

Folha de S. Paulo - Sábado, 19 de abril de 2008

sáb, 19/04/2008 - 12h25 | Do Portal do Governo

Folha de S. Paulo

A menos de um mês da inauguração, o Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, do governo do Estado, já nasce com uma missão: tornar-se o InCor da oncologia brasileira. A referência é do secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, que cita o Instituto do Coração -também ligado ao governo estadual- como exemplo de modelo de excelência a ser buscado pelo novo instituto. “Queremos que o Instituto do Câncer seja como o InCor.”

O instituto, que será inaugurado no próximo dia 5, terá um modelo de gestão inédito, que envolverá parcerias entre a Secretaria de Estado da Saúde, a Faculdade de Medicina da USP, a Fundação Faculdade de Medicina e o Hospital das Clínicas de São Paulo. Haverá metas anuais de produção (consultas, internações, cirurgias, exames) e de qualidade do atendimento à população.

O HC cederá profissionais que já atuam na área de oncologia, enquanto a fundação será responsável pela contratação complementar de funcionários. À fundação também caberá captar recursos para atividades de ensino e pesquisa, em sistema similar ao adotado no InCor e no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. O instituto terá três fontes de recursos: o tesouro estadual, para manutenção de equipamentos e pagamento de pessoal; transferências do SUS (Sistema Único de Saúde), para remuneração dos procedimentos médicos; e atividades de ensino e pesquisa. A seguir, trechos da entrevista à Folha:

 FOLHA – Como será o novo modelo de gestão do Instituto do Câncer?

LUIZ ROBERTO BARRADAS BARATA – Estamos progredindo no modelo de gestão de hospitais públicos. Há dez anos, criamos o modelo das OSS (Organizações Sociais de Saúde). No Instituto do Câncer, vamos fazer mais um aperfeiçoamento. Estamos fazendo um convênio com a Faculdade de Medicina da USP, com o apoio da Fundação de Apoio de Medicina da USP. Esse modelo tem o hospital universitário, a universidade estadual e a fundação de apoio que auxilia na administração do hospital. No Instituto de Oncologia, faremos o contrato de gestão entre a secretaria e a Faculdade de Medicina e pediremos o auxílio da fundação.

FOLHA – E qual a vantagem?

BARRADAS – O Instituto do Câncer vai trabalhar junto à universidade e terá, além da assistência, a função de ensino e pesquisa. Para isso, é preciso fazer o convênio com a Faculdade de Medicina e ter a interveniência da fundação de apoio. No instituto, terei uma importante função de ensino, formação de oncologistas, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e profissionais voltados ao tratamento do câncer. Além disso, quero fazer uma grande área de pesquisa: pesquisas clínicas sobre novas drogas, novos tratamentos, comparação entre tratamentos tradicionais, novas técnicas cirúrgicas. FOLHA – Como ficará o setor de oncologia do HC?

BARRADAS – Não vai mais ter oncologia no HC. Ela será transferida para o Instituto do Câncer. Assim como foi a cardiologia, no caso do InCor. Vamos transferindo devagarinho. FOLHA – O instituto já começará a funcionar logo após a inauguração?

BARRADAS – Vai funcionar parcialmente. O prédio inteiro está pronto, mas eu preciso formar as equipes, treinar as pessoas, estabelecer as rotinas. Primeiro, vem o pessoal da oncologia e da quimioterapia do HC. Virão também a parte da ginecologia, o ambulatório de câncer de mama e de colo do útero e alguns leitos de UTI. Em três meses, começa a parte da urologia, o câncer de próstata, das vias urinárias e, gradativamente, o instituto vai, até o final do ano que vem, estar inteiro ativado. FOLHA – Quase metade dos casos de câncer do país são passíveis de prevenção. O instituto vai atuar também nessa área?

BARRADAS – Sem dúvida. Ele está fazendo uma parceria com a Fundação Oncocentro para treinar pessoal dos municípios para que as secretarias municipais possam atuar na área de prevenção. A idéia é que o instituto seja a cabeça do sistema, como é o InCor hoje. FOLHA – O país hoje tem uma fila de 54 mil pessoas com câncer à espera de radioterapia. O novo instituto vai reduzir essa fila?

BARRADAS – O instituto será um grande centro de radioterapia, não só para os pacientes, mas para ser uma alternativa para o gargalo que a gente tem aqui na Grande SP. Não sei se serão três ou quatro aparelhos de radioterapia, somados aos do HC. FOLHA – A radioterapia do HC também será transferida ao instituto?

BARRADAS – Uma parte dos profissionais vai para lá. O serviço de radioterapia não, porque exigiria destruir a casamata [sala especial que isola a radiação], o que não vale a pena. Vou ter duas radioterapias.

C.M.