Mesmo professor dará aula a 1º e 2º ano

Jornal da Tarde - Terça-feira, dia 22 de agosto de 2006

ter, 22/08/2006 - 10h47 | Do Portal do Governo

O objetivo é o acompanhamento do aluno nas duas primeiras séries do ensino fundamental. A medida pode começar a vigorar a partir do próximo ano

ARYANE CARARO, aryane.cararo@grupoestado.com.br

A secretária estadual da Educação, Maria Lúcia Vasconcelos, pretende implantar mudanças nas primeiras e segundas séries do ensino fundamental já para o ano que vem. Ela estuda a possibilidade de que o professor que dá aula para a turma do primeiro ano continue com os mesmos alunos no ano seguinte. “O professor vai ter dois anos para completar esse processo de alfabetização. Ele vai alfabetizar e reforçar isso”, diz a secretária.

Maria Lúcia acredita que, assim, o processo é facilitado, uma vez que o professor já conhece os alunos. “Por mais que passe a informação de um professor para outro, não é como conviver com esse aluno. E tem toda a questão da afetividade, da segurança. Essa é uma fase em que a criança ainda é muito pequena”, comenta.

A lingüista Idméa Semeghini-Siqueira, professora da Faculdade de Educação da USP, acredita que essa pode ser uma boa medida, mas não é suficiente para melhorar a alfabetização. “É provável que tenha resultados, mas aliado a isso temos de dar mais condições para alunos e professores. É preciso ter bibliotecas nessas escolas e fazer com que os alunos tenham acesso aos livros”, explica.

Para a linguista, as falhas no processo de aprendizado não serão consertadas com o fato de o professor acompanhar uma turma por dois anos, mas podem ser minimizadas.

Para a presidente da Apeoesp (sindicato dos professores), Maria Izabel Noronha, a medida é positiva. Mas ela faz uma ressalva: “A secretária tem de garantir que os professores, a maioria temporários, continuem na mesma escola”.

Em termos práticos, a medida depende da publicação de uma portaria, o que a secretária conseguiria fazer até sair da pasta, no fim do ano. Essa seria uma preparação já para a escola de 9 anos, que deve ser implantada no Estado em 2008. “Ano que vem já vamos discutir a escola de nove anos e, em função disso, temos de debater também a progressão continuada”, diz.

Maria Lúcia deixará essas diretrizes para o próximo secretário. No pacote de sugestões entra também a mudança no Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar no Estado de São Paulo (Saresp), suspenso este ano. A secretária quer que o próximo exame não seja mais censitário – para todos os alunos -, e sim por amostragem e só para algumas séries, como era feito até 2003. “Essa redundância com a Prova Brasil, feita pelo MEC, é que não se justifica.”

Assim, acredita, é possível acompanhar a evolução dos alunos, e o valor gasto seria de um terço do que foi empregado em 2005 (R$ 9 milhões). Além disso, outras disciplinas, que não só português e matemática, poderiam ser avaliadas.