Menos adolescentes grávidas

Jornal da Tarde - Quarta-feira, 12 de setembro de 2007

qua, 12/09/2007 - 12h30 | Do Portal do Governo

Jornal da Tarde

Em 2006, 100.631 jovens com menos de 20 anos se tornaram mães no Estado de São Paulo. O número é 4% menor que as 104.984 adolescentes grávidas em 2005, ou 21% de todos os 479.511 casos no Brasil, segundo dados divulgados ontem pelo governador José Serra (PSDB). Desde 1998, quando foram registrados 148.019 casos no Estado, a redução chega a 32%.

As mais de 100 mil mulheres com menos de 20 anos grávidas correspondem a 16,6% do número de partos realizados no Estado, contra 20% em 1998. Na Capital, o índice chegou a 14% no ano passado.

Para Serra, apesar da redução, os números ainda são altos. ‘Temos meninas de 14, 15 anos que estão grávidas, que têm de abandonar a escola e acabam sem liberdade de escolha’, disse. Ele prometeu ampliar o acesso gratuito a camisinha, anticoncepcional e pílula do dia seguinte nos próximos meses.

Para o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, a implantação de um modelo de atendimento integral à adolescente foi o que mais influenciou a queda, além do aumento da escolaridade e a redução da evasão escolar. ‘Quanto mais anos de instrução tem a adolescente, mais tempo ela levará para engravidar’, afirmou.

A psicóloga Vera Zimmerman, chefe do Centro de Referência da Infância e Adolescência (Cria) da Unifesp, afirma que a gravidez na adolescência é um problema mais psicológico que social. ‘As jovens de classe mais baixa não têm menos informação, mas a classe alta tem menos gravidez porque a adolescente tem dinheiro para interromper, usando o recurso do aborto clandestino’, explicou.

Vera credita o cuidado dos jovens com o próprio corpo a famílias estruturadas, que permitem que a criança entre na adolescência com planos para o futuro. Casais que se tornam pais muito cedo têm dificuldade para se estruturar e, por isso, o ciclo se repete, segundo Vera.

Cristina da Silva Sturm, 44 anos, concorda. Abandonada pelo pai aos 12, depois da morte da mãe, ela deu à luz pela primeira vez aos 19, e virou avó 14 anos depois. Hoje, ela tem um filho e sete filhas: três delas já são mães e uma está grávida. Nenhuma terminou o ensino médio.

Joyce, 19, mora com o namorado desde que engravidou de Raíssa, há dois anos. Bianca, 18, também se mudou enquanto espera o nascimento de sua filha. O restante da família de Cristina ainda mora com ela no Campo Limpo, Zona Sul da Capital. ‘Quero colocar Vitória (10) e Carolina (7) em cursos para elas terem um futuro e não ficarem como as irmãs, só criando filho’, afirma a auxiliar de limpeza Cristina, separada do marido há seis anos.

EM NÚMEROS

100.631 adolescentes paulistas se tornaram mães em 2006; número 4% menor que em 2005, e 32% abaixo dos de 1998

16,6% de todos os partos no Estado em 2006 foram de mulheres com menos de 20 anos