Memorial abre as portas para Carmen Miranda

O Estado de S.Paulo - Terça-feira, 7 de março de 2006

ter, 07/03/2006 - 15h11 | Do Portal do Governo

Mostra com mais de 700 peças chega à cidade após sucesso entre os cariocas

Camila Molina

Depois de ser exibida no Rio, chega a São Paulo a mostra Carmen Miranda para sempre, que será inaugurada hoje para convidados e amanhã para o público no Memorial da América Latina. Fotos, roupas (algumas são releituras contemporâneas de seu estilo), objetos, são mais de 700 peças reunidas (além de filmes e músicas) para contar a história da “Pequena Notável” ou a “Brazilian Bombshell” – não há no mundo quem não conheça essa genial estrela que conquistou o Brasil, a Broadway e Hollywood.

A imagem recorrente que vem à cabeça é a da baiana com badulaques na cabeça sempre sorridente – ela se apresentava com nada menos que 20 quilos sobre o corpo, entre roupas e acessórios, e uma plataforma de 15 cm de altura. Carmen Miranda (1909-1955) “nasceu personagem, era uma artista” , como diz o jornalista e escritor Ruy Castro, que há pouco lançou uma biografia sobre a estrela. Apesar do enorme sucesso conquistado a partir do fim da década de 1930 nos EUA, para Ruy Castro a fase da artista no Brasil é a que precisa ser “urgentemente conhecida pelo público brasileiro”. Ele, que fez consultoria dos textos presentes na mostra, vai realizar uma palestra gratuita na sexta-feira, às 19h30, sobre a vida e a obra da artista na Biblioteca Victor Civita, no Memorial.

Carmen Miranda para sempre é um projeto que vem sendo realizado há mais de dois anos. Com curadoria de Fabiano Canosa, a mostra feita com peças da própria coleção de Canosa, do Museu Carmen Miranda (inaugurado em 1976) e da família da artista, tem percurso cronológico e está dividida em núcleos. Inicia com o nascimento em Portugal e inclui imagens de sua família. Depois, vem a fase brasileira, “quando ela era a rainha do disco, do rádio, do cineteatro e fez filmes que estão quase todos destruídos, uma tragédia”. Um dos únicos que restaram é Alô, Alô Carnaval, de 1936, que Carmen fez ao lado de sua irmã Aurora, morta em dezembro – como conta o curador. Não era ainda a Carmen Miranda dos badulaques. Era uma “mulher art déco dos anos 30”, como diz Canosa, que usava calças, ternos e vestidos belos – em particular, há uma sala especial com retratos da artista feitos em 1931, em Buenos Aires, pela alemã Annemarie Heinrich.

E foi durante uma de suas apresentações no Cassino da Urca, no Rio, em 1939, que o produtor americano Lee Shubert viu Carmen e se encantou. Levou-a para a Broadway e o sucesso foi inevitável. Ela, com o Bando da Lua, ficou consagrada já no início com o espetáculo The Streets of Paris. Daí em diante, tornou-se uma das maiores celebridades que o mundo já conheceu.

Serviço

Carmen Miranda para sempre. Galeria Marta Traba. Memorial da América Latina. Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, 3823-4741. 9h/18h (fecha 2.ª). Grátis. Até 16/4. Abertura hoje, 19h30, para convidados. Diariamente, às 10h30 e às 15h, exibição do documentário Bananas Is My Business