Melhores apostam em incentivo aos alunos

Folha de S.Paulo - Sexta-feira, 14 de março de 2008

sex, 14/03/2008 - 15h16 | Do Portal do Governo

Folha de S.Paulo

Escola mais bem avaliada, colégio Papa Paulo 6º coloca livros à disposição dos estudantes em estantes pelos corredores

Outros aspectos comuns às duas melhores são o baixo absenteísmo de professores e a longa permanência dos educadores com os alunos

Duas das escolas mais bem avaliadas em ensino médio, uma no ABC paulista, outra na capital, revelam os métodos que lhes garantiram o bom resultado: incentivo à leitura, baixo absenteísmo de professores, muitos com mestrado, acesso fácil a livros e educadores com longa permanência com os mesmos alunos.

Em Santo André (no Grande ABC), o colégio Papa Paulo 6º, que teve o melhor desempenho no ensino médio do Estado, é pequeno. Possui apenas dez salas de aula, que abrigam, pela manhã e à tarde, 770 alunos -300 deles no ensino médio, com aulas só pela manhã. São seis horas de aula por dia. Obteve a melhor nota no terceiro ano tanto em português quanto em matemática no Saresp, o exame do governo de São Paulo, no ano passado.

Para a diretora Mirtes de Fátima Machado, o resultado se deve ao empenho dos professores. “A maioria está aqui há quatro anos. Eles criam um compromisso com os alunos e os acompanham de perto”, diz.

No Jardim São Paulo (zona norte da capital), a escola estadual Professor Antônio Lisboa não é diferente. Fez uma parceria com uma revista noticiosa de circulação semanal para leitura e interpretação de textos e discussão de temas atuais com os alunos, que melhorou sensivelmente, dizem os professores, as notas em redação.

“A melhor maneira de aprender a escrever é lendo”, diz a professora de português Maria Isabel Bento de Oliveira, que faz uma preparação na USP para mestrado em literatura brasileira na mesma universidade.

São cinco horas de aula de língua portuguesa, mais uma de redação, por semana, para os 750 alunos, que têm três professores nos três turnos.

“Trabalhamos bastante com interpretação, vídeos relacionados ao conteúdo e produção de textos”, afirma a professora de português Márcia Maria Germano Tarrasco, que leva ainda aos alunos livros clássicos da literatura brasileira e incentiva a discussão de temas da atualidade por meio da leitura de jornais diários.

Estantes no corredor

Em Santo André, estantes são espalhadas pelos corredores da escola Papa Paulo 6º, com dezenas de livros cada. Os alunos podem pegá-los no intervalo e levá-los para casa.

Para despertar o interesse dos alunos em matemática, a professora Regina Célia Correa diz que busca trazer o conteúdo da disciplina para o cotidiano dos alunos. “Ensino equação de primeiro grau usando como variáveis o valor da corrida do táxi.” Isso, segundo a aluna Tatiani de Oliveira Balbino, 16, tem dado resultado. “As aulas são mais dinâmicas.”

Na escola Antônio Lisboa, a recuperação é bimestral, e não ao fim do ano letivo. “É evidente que dá mais resultado. Errou aqui, corrige aqui”, diz Oliveira.

Nas duas escolas, a incidência de falta dos professores é baixa. “O resultado é claro no desempenho dos alunos”, diz a diretora da Antônio Lisboa, Maria das Graças Meinberg.