Melhor aproveitamento da PM

O Estado de S. Paulo - Quarta-feira, 30 de junho de 2004

qua, 30/06/2004 - 9h19 | Do Portal do Governo

Editorial

A redistribuição dos efetivos da Polícia Militar (PM) anunciada pelo governo, com aumento do policiamento na Grande São Paulo e nas rodovias, tem vários pontos positivos que se deve ressaltar, porque indicam a existência de um esforço sério e consistente de combate ao crime nas regiões críticas, com o aproveitamento racional dos escassos recursos disponíveis, o que infelizmente não é tão comum como deveria no setor público.

As principais mudanças atingirão a zona leste da capital, onde serão constituídas três estruturas: o Comando de Policiamento de Área 11 e o 38.º e o 39.º batalhões. Na zona sul, o 37.º batalhão fará o policiamento das regiões dos Jardins Ângela, Herculano e Capela. Serão criadas outras três unidades em Osasco, São Bernardo do Campo e Santo André. No interior, novos batalhões ficarão em Sumaré, Itu e Jundiaí. E haverá um novo batalhão de Polícia Rodoviária para cuidar das saídas de São Paulo.

‘Teremos áreas menores para as unidades, o que trará mais eficiência aos comandos. Além disso, com a redistribuição dos efetivos, essas regiões terão mais policiais’, explica o secretário de Segurança, Saulo Abreu. Para viabilizar as mudanças, o governador Geraldo Alckmin encaminhou à Assembléia Legislativa projeto de lei que cria 10 batalhões e 2 comandos de área no Estado, com seus respectivos cargos de Estado-Maior e companhias de policiamento.

É importante assinalar que esse reforço no policiamento foi conseguido sem aumento do efetivo atual de 89 mil homens da PM. Isto porque a substituição dos PMs que trabalhavam nas muralhas dos presídios por guardas contratados para essa função possibilitou transferir para as ruas 4 mil policiais. E a contratação de pessoal para o trabalho burocrático – os chamados ‘soldados temporários’, no total de 6 mil – liberou para a tarefa de policiamento os PMs que atuavam no serviço administrativo. Não foi para essas funções que o Estado investiu em seu treinamento. A volta desses milhares de policiais às ruas, para o combate direto ao crime, era uma velha reivindicação – finalmente atendida – que ressurgiu com mais força com a escalada da violência nos últimos anos.

Outro aspecto importante da redistribuição dos efetivos da PM é que ela obedeceu ao critério de fazer coincidir as áreas de atuação da corporação com as da Polícia Civil: as companhias trabalharão nas mesmas regiões cobertas pelas delegacias. O mesmo ocorrerá com os comandos de área da PM e as delegacias seccionais da capital e os departamentos de polícia do interior, com o objetivo de facilitar o planejamento conjunto pelas duas polícias das ações de combate ao crime.

A única ressalva a fazer a essas mudanças é que a PM precisa estar atenta às apreensões manifestadas em cidades do interior, como Campinas, Sorocaba e Ribeirão Preto, que vêem riscos na diminuição do poder das forças táticas especializadas da PM em suas regiões, em benefício da Grande São Paulo.

Deve, pois, cumprir ao pé da letra sua promessa de treinar todo o contingente do interior para agir em caso de uma eventualidade, no lugar dos pelotões de choque.