Megablitz ‘varre’ a favela São Jorge

Diário do Grande ABC - 30/5/2002

qui, 30/05/2002 - 10h59 | Do Portal do Governo

A Polícia Civil mobilizou 150 homens na quinta megablitz do ano na região, que durou mais de seis horas, na manhã desta quarta, na favela São Jorge, em Santo André. Quatro homens foram presos, quatro carros apreendidos, além de cocaína, crack, maconha e armas, entre as quais uma escopeta calibre 12 artesanal. Um quinto homem, foragido da Cadeia Pública de Mauá, conseguiu escapar, após o disparo de quatro tiros pelos policiais. Também foi encontrado um cativeiro abandonado.
A blitz começou às 6h e envolveu investigadores da Delegacia Seccional do município e das delegacias das cidades. Segundo o delegado seccional de Santo André, Dejar Gomes Neto, que coordenou a operação, a escolha da área foi definida a partir de reportagem do Diário sobre ‘zonas proibidas’. O delegado informou que novas blitze serão feitas em outros bairros apontados na reportagem.

Logo no início da operação, foi detido José Cícero Barreto Pereira, 24 anos, foragido da Cadeia Pública de Itirapina (interior do Estado), onde cumpria pena por roubo. No barraco de Severino Manoel da Silva, policiais encontraram dois revólveres calibre 38 e dez cartuchos intactos – Silva não estava em casa. Cláudio de Campos Souza, 30, foi detido por estar com uma motocicleta com chassi adulterado. José Gama Filho, 51 anos, foi detido por dirigir um Palio 1998 dublê.

Ao entrar em um dos barracos, os policiais encontraram Atemilton Conceição Cavalieri, 22, foragido da Cadeia Pública de Mauá, que seria responsável por quatro homicídios na cidade. ‘Tem também 30 assaltos atribuídos a ele’, disse o investigador da delegacia-sede do município, Alberto Amâncio.

Cavalieri estava com duas crianças e correu para o quintal da casa, na travessa Espírito Santo, quando os policiais entraram no barraco. Em perseguição, quatro tiros foram disparados, mas Cavalieri fugiu. No local, foram encontradas uma pistola 9 mm, a escopeta artesanal, aparelhos de som automotivos e um RG falso com a foto de Cavalieri, em nome de outro homem, e telefones celulares.

Segundo o delegado-assistente da Seccional, Fernando Schmidt de Paula, a favela São Jorge foi escolhida para a blitz desta quarta de acordo com levantamento feito pela polícia. ‘As estatísticas de crimes nesse local e no entorno da favela mostram uma grande incidência de roubos, furtos e homicídios’, afirmou.

Achado barraco que seria usado como cativeiro

A polícia achou em um barraco da viela 7 da favela São Jorge, indícios de que o local foi usado como cativeiro recentemente. Na casa, sem janelas e trancada com um cadeado, estavam um forro no piso que serviria como cama, creme e escova dental, além de frutas, biscoitos e restos de outros alimentos. Também foram encontradas 90 trouxinhas de maconha e 60 cápsulas de pistola calibre 9 mm.

O suposto cativeiro fica a alguns metros da entrada do aterro da Rotedali, nos fundos de uma das maiores favelas de Santo André, onde moram cerca de 8 mil pessoas. ‘A cena encontrada é um indício forte de que o local foi um cativeiro’, disse o delegado seccional de Santo André, Dejar Gomes Neto.

Um morador da favela, que preferiu não se identificar, afirmou que o barraco era utilizado recentemente por um único homem, que aparecia por ali uma vez por semana, em média, durante o dia, e ia embora.

Segundo o morador, o barraco foi posto à venda há cerca de dez dias, por intermédio de um homem chamado Jeová. Outros vizinhos da viela e de vias próximas à favela disseram não saber nada a respeito do barraco.

Nicolas Tamasauskas