Matéria muda em 11 dos 15 cursos mais disputados

Folha de S. Paulo

ter, 09/06/2009 - 8h10 | Do Portal do Governo

Oito dos cursos são de humanas, como publicidade e arquitetura

Dos 15 cursos mais concorridos na Fuvest no ano passado, 11 vão mudar as disciplinas cobradas em questões mais aprofundadas da segunda fase.

Oito cursos são de humanas -direito, relações públicas, audiovisual, arquitetura (em São Paulo e São Carlos), design, artes cênicas e publicidade, este último o que mais teve candidatos por vaga na última edição do exame. Os outros três são de biológicas, incluindo medicina.

As mudanças vão afetar apenas o terceiro dia da segunda fase, que, com o novo formato da Fuvest, cobrará 12 questões de conteúdo mais aprofundado em até três disciplinas, definidas pelos próprios cursos.

As maiores surpresas são medicina (quarto curso mais disputado do vestibular), que passará a adotar geografia no lugar de física, e direito, que vai incorporar matemática às outras disciplinas cobradas -história e geografia.

“Como muitos cursos, medicina decidiu cobrar uma matéria de cada área -exatas, biológicas e humanas. Como o aluno já responde a questões de todas as matérias na primeira fase [e no segundo dia da segunda fase], não deve ter muita dificuldade em se adaptar”, diz Quirino Carmello, pró-reitor substituto de graduação da USP.

Alguns estudantes pensam diferente. Leonardo Justo, 19, que está tentando obter uma vaga em medicina pela terceira vez, está preocupado. Geografia nunca foi seu forte.

“A mudança foi brusca, porque saiu no fim de maio e a prova é em novembro. Acho que muita gente que se acostumou a estudar só as matérias específicas será reprovada no exame.”

Desde que foram anunciadas as alterações, Leonardo passou a incluir mapas e jornais nos estudos, para se familiarizar com a nova disciplina cobrada. Além de geografia, o candidato vai responder a química e biologia na segunda fase do vestibular.

Menos mudanças

A área em que os cursos tiveram menos mudanças foi a de exatas. Na Escola Politécnica da USP, por exemplo, nenhum curso trocou as disciplinas cobradas em questões específicas da segunda fase.

“No geral, as mudanças da Fuvest vão causar estranheza nos candidatos. Mas, a médio prazo, vão levar os cursinhos e colégios a se adaptarem, e acredito que selecionarão alunos mais críticos”, afirma Willian Saito, coordenador do cursinho do COC em São Paulo.

“Ainda bem que tenho facilidade com matemática, vai ser um diferencial”, afirma Bruna Keller Ariza, 19, candidata a uma vaga em direito na USP.

Ela acredita que a mudança no vestibular é positiva. “Muitos cursos de humanas exigem algum conhecimento de exatas -para estudar economia, por exemplo. Chegar sem base nenhuma é ruim”, diz ela.

Mesmo curso em outro campus tem questão diferente

Quem escolher um curso de saúde na próxima edição da Fuvest vai se deparar com algo inusitado: quatro graduações iguais da área vão cobrar disciplinas diferentes entre si, por serem oferecidas em campi distintos da USP.

Enfermagem, nutrição, fonoaudiologia e odontologia estão nessa situação.

O candidato que optasse no ano passado, por exemplo, por odonto nos campi de Bauru, Ribeirão Preto ou São Paulo teria pela frente as mesmas matérias na segunda fase, independentemente da opção. Agora, será diferente.

Se escolher odontologia em São Paulo, o aluno responderá no terceiro dia da segunda etapa a questões de química, biologia e geografia. Já em Ribeirão, sai geografia e ficam só química e biologia. A prova para Bauru cobrará física, química e biologia.

Isso acontece porque os cursos de cada campus buscam diferentes perfis de alunos, diz a presidente da comissão de graduação de odontologia da USP, Maria Ercilia de Araujo.

“Odontologia em Bauru, por exemplo, busca candidatos com formação mais técnica, por isso cobra física. Já em São Paulo, o curso exige um perfil humanista, então é importante cobrar geografia.”

Para o coordenador do Anglo, Alberto Francisco do Nascimento, isso mostra que não há unidade na USP. “Cada curso faz o que quer. O aluno pode se confundir com as mudanças.”

O caso se repete em cursos de outras áreas.

O bacharelado em química, por exemplo, vai cobrar disciplinas diferentes de quem escolher por São Carlos ou Ribeirão. 

Segundo dia deve ser o mais corrido, mas com nível mais fácil

Dificuldade tende a subir no terceiro dia da 2ª etapa

Com o novo formato do vestibular da Fuvest, o segundo dia da segunda fase deve ser o mais corrido para os estudantes, afirma o pró-reitor substituto da USP, Quirino Carmello.

“Os alunos vão responder a 20 questões, mais do que a média dos outros dias, e sobre todos os assuntos. Então deve ser a prova em que surgirão mais dificuldades com o tempo”, diz.

Apesar disso, afirma Carmello, o tempo dado é suficiente -serão 12 minutos por questão no segundo dia, que terá quatro horas de prova como nos demais dias da segunda fase.

A tendência é que as questões exijam respostas mais simples no segundo dia, diz o pró-reitor substituto. “A profundidade e a dificuldade do que será cobrado deve ser menor, porque vai abranger todas as áreas.”

O dia que deve causar menos estranheza aos alunos é o primeiro da segunda fase, em que serão cobradas dez questões discursivas de português e uma redação, igual ao ano passado.

No terceiro dia, quando caem 12 perguntas mais específicas de cada curso, o nível de cobrança deve subir, de acordo com o pró-reitor Carmello.

Ele afirma que essas são as linhas gerais do que se espera do exame, apesar de a elaboração das questões ser responsabilidade da Fuvest (fundação que realiza o vestibular da USP).

Indefinição

Ninguém sabe exatamente qual vai ser o nível de dificuldade da Fuvest com as mudanças, ressalta Alberto Francisco do Nascimento, diretor do Anglo.

O ideal, diz ele, é que houvesse exemplos oficiais de questões, de maneira similar ao que está sendo prometido pelo Ministério da Educação para o novo Enem -50 testes devem ser divulgados na internet.

“Dizem que as mudanças são para cobrar mais formação humanística, mas eu duvido que não irão surgir questões de relevo e geografia física, assuntos bem difíceis”, diz a estudante Stephanye Mariano, 19, candidata a uma vaga em medicina.

Outra alteração na Fuvest é que a primeira fase, que antes valia metade da nota final, será só eliminatória. Os três dias da segunda fase terão peso igual.

Inscrição da Fuvest vai ser exclusivamente pelo site

USP, Unicamp, Unesp, ITA, Unifesp, PUC-SP e PUC-Campinas divulgam calendário dos vestibulares

Pela primeira vez, neste ano, a inscrição da Fuvest será feita só pela internet -de 28 de agosto a 11 de setembro, pelo www.fuvest.br. O calendário do vestibular da USP foi divulgado semana passada, com o de mais seis faculdades paulistas: Unicamp, Unesp, ITA, Unifesp, PUC-SP e PUC-Campinas.

A UFABC, a UFSCar e a Unifesp têm como novidade o uso do Enem em seus processos seletivos deste ano.

A UFABC não definiu o cronograma de seu vestibular, mas já divulgou que adotará o Enem como única forma de seleção. As provas do Enem ocorrem nos dias 3 e 4 de outubro.

A UFSCar marcou suas provas nos dias 13 e 14 de dezembro e decidiu que metade da nota de seu processo seletivo virá do resultado obtido pelo aluno no novo Enem.

A Unifesp usará o Enem como fase única em 19 cursos. Nos outros seis -medicina, ciências biológicas, enfermagem, fonoaudiologia, engenharia química e letras- o exame servirá como primeira fase.