Mal súbito mata 21 mil em SP

Jornal da Tarde

qua, 03/03/2010 - 7h46 | Do Portal do Governo

Por ano, no Brasil, são 212 mil óbitos, segundo pesquisa do Instituto do Coração do HC

Todos os anos, 21 mil pessoas morrem de mal súbito na Grande São Paulo, segundo uma pesquisa inédita divulgada ontem pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor). De acordo com o levantamento, em 90% dos casos a arritmia cardíaca foi a causa do óbito. A estimativa é a de que a enfermidade leve 212 mil pessoas à morte no Brasil só este ano.

Os dados são bastante preocupantes, na avaliação do coordenador da pesquisa, o cardiologista do Incor Martino Martinelli. “O mal súbito por arritmia mata mais que todas as doenças tumorais juntas e duas vezes mais que as causas externas, que incluem acidentes de trânsito e homicídios”, aponta Martinelli.

Apesar de a arritmia ser tratada com medicamento, em 60% dos pacientes a recomendação é o uso do cardiodesfibrilador implantável (CDI) – um aparelho instalado junto ao coração que corrige automaticamente os batimentos. O CDI é implantado em pacientes com arritmia maligna e com alto risco de morte. O aparelho custa, em média, R$ 30 mil.

“Para impedir a morte dessas pessoas, em São Paulo, seria necessário cerca de 12 mil CDIs”, diz Martinelli. De acordo com ele, uma em cada 64 pessoas que necessitam do aparelho hoje conseguem o implante. O Ministério da Saúde envia para São Paulo somente 331 desfibriladores. “É muito pouco”, conclui Martinelli.

Predisposição

A arritmia é a alteração dos batimentos do coração. O ritmo pode ser mais lento ou mais acelerado, dependendo da doença.

Ao menos, 90% das pessoas, entre saudáveis ou doentes, já tiveram arritmia, considerada pelos médicos como benigna. Sendo assim, nem todo descompasso é preocupante, já que o coração pode apresentar mudança no batimento por conta de um estímulo emocional, como a ansiedade.

O problema deve ser levado a sério por pessoas que já sofrem de alguma doença cardíaca. Mas a chamada arritmia maligna também pode acometer pessoas aparentemente saudáveis. São predispostas aquelas que sofrem desmaios desde criança e sem causa definida e os que viveram uma morte inesperada na família.

“Mas a maior parte dos que têm risco de morrer são aqueles com o coração doente, já enfartado, com insuficiência cardíaca ou doença de Chagas”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), Guilherme Fenelon. A arritmia maligna afeta pessoas de todas as idades. Além do batimento descompassado, sendo o acelerado (taquicardia) o mais preocupante, desmaios, escurecimento da visão e tontura são os principais sintomas. Quem já teve a doença e não tratou pode sofrer recaída em um prazo de cinco anos. E ser fatal.

Dicas de Saúde

– Consulte um médico antes de iniciar qualquer tipo de atividade física pesada

– Tenha o colesterol, a pressão alta e o diabetes sob controle

– Vá ao cardiologista regularmente se tiver predisposição genética

-Desmaio sem motivo e morte inesperada na família são fatores de risco