Mais moradias de baixo custo no centro

Jornal da Tarde - Sábado, dia 7 de outubro de 2006

sáb, 07/10/2006 - 10h46 | Do Portal do Governo

A decisão da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) de privilegiar os bairros da região do centro expandido para a construção de moradias populares vai ajudar a resolver um dos grandes problemas da Capital – o deslocamento das populações de baixa renda para regiões cada vez mais distantes.

Finalmente o poder público percebeu que investir na periferia, onde o preço dos terrenos é mais barato, é uma economia burra, porque depois se gasta muito mais em transporte, educação e saúde para atender as populações que se deslocam para essas regiões. Essa idéia vai nortear o plano estratégico em elaboração pela CDHU para o período de 2007 a 2017.

Há muito tempo que os especialistas na matéria vêm chamando a atenção para esse problema. As autoridades municipais da Capital foram as primeiras a tomar consciência dessa realidade e a agir em conseqüência – uma das diretrizes do Plano Diretor de 2002 é aumentar a população do centro, que dispõe de boa infra-estrutura, criando estímulos para a permanência dos que ali já se encontram e para atrair os que foram para a periferia. Agora, é a vez das autoridades estaduais.

Foi também acertada a decisão de associar outros setores da administração à elaboração do plano da CDHU, especialmente a Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos, para harmonizá-lo com o Plano Integrado de Transportes Urbanos (Pitu 2020), destinado a atender às demandas de circulação na região metropolitana.

O transporte é um dos aspectos mais graves do inchaço das periferias. O deslocamento diário só na Zona Leste equivale à população do Uruguai – 3,3 milhões de pessoas. Os habitantes das periferias gastam em geral duas horas para ir e outras duas para voltar do trabalho, no mínimo. Um sacrifício enorme, que prejudica tanto a sua produtividade no trabalho como a sua qualidade de vida.

O aumento da oferta de moradia de baixo custo no centro expandido ajudará na solução desse problema. As novas construções da CDHU serão feitas em áreas ocupadas por favelas e cortiços, onde o preço do terreno é baixo. O fato de muitas dessas áreas serem próximas de bairros nobres não os ameaça de degradação, pois seus habitantes preferem conviver com conjuntos habitacionais em vez de favelas.