Casal de macacos-pregos-loiros chegou ontem ao Zoológico de São Paulo, vindo de João Pessoa (PB). O objetivo é tentar a reprodução da espécie, em extinção
GLAUCO DE PIERRI e MARCOS GOMES
O Zoológico de São Paulo recebeu ontem dois casais de macacos-pregos-loiros (Cebus flavius), espécie extremamente rara e em risco de extinção, da qual até agora só foram identificados na natureza 8 grupos com 15 a 20 integrantes cada, distribuídos num pequeno trecho do litoral do Nordeste.
O Centro de Proteção de Primatas Brasileiros (CPB) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que fica em João Pessoa (PB) foi o responsável pelo envio desses animais para o zoológico paulistano, que terá um programa de reprodução dessa espécie de macaco-prego em cativeiro no seu Centro de Conservação da Fauna. Os animais ficarão numa área de mata, inacessível ao público, pois a meta é a reprodução em cativeiro. Pelo que se sabe, cada macaca-prego tem uma cria por ano.
“A meta é desenvolver técnicas de reprodução em cativeiro para aumentar a população dessa espécie e manter exemplares em estoque, fazendo uma espécie de ‘poupança’, caso seja preciso repô-los na natureza para evitar seu total desaparecimento”, diz Marcelo Marcelino de Oliveira, 42 anos, biólogo do CPB.
O macaco-prego-loiro ocorre numa área muito restrita do Brasil, a Zona da Mata nordestina, entre os Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, nos trechos remanescentes de Mata Atlântica dessas regiões.
Ela é uma das 12 espécies de macaco-prego existentes no mundo (11 no Brasil e uma na América Central). Esses macacos se caracterizam pela viva inteligência. Uma curiosidade é que o órgão sexual dos machos parece um prego, o que lhes valeu o nome popular.
Oliveira explica que o Brasil, país de maior biodiversidade do mundo, é também o que tem maior diversidade de espécies de primatas. Tanto que um terço das 300 espécies de macacos registrados no mundo são brasileiros. Por causa da extensão do território e da existência de grandes áreas de selvas, como a Amazônia, é certo que novas espécies de macacos ainda serão descobertas. O macaco-prego-loiro já foi considerado extinto até ser redescoberto pelo Ibama e seu nome científico foi alvo de polêmicas, até haver acordo entre os cientistas.