Chico Pereira
Campos do Jordão
As belezas, riquezas e mazelas da Serra da Mantiqueira paulista foram relatadas em livro lançado recentemente pela Sema (Secretaria Estadual do Meio Ambiente) como uma contribuição à preservação da região.
Com rico material fotográfico, a obra mostra a importância do ecossistema da Mantiqueira compreendido pelos municípios de Campos do Jordão, Santo Antonio do Pinhal e São Bento do Sapucaí, que são Áreas de Proteção Ambiental.
O trabalho, ‘Mantiqueira – Castelo das Águas’, é um tributo à natureza e ao meio ambiente e um alerta para a necessidade de preservação de uma das poucas áreas do Estado ainda recobertas por mata atlântica, depositária de milhares de nascentes que abastecem importantes bacias hidrográficas.
A obra revela a biodiversidade da serra, que abriga espécies de animais ameaçados de extinção como o lobo guará e a onça parda. A Mantiqueira é o habitat de aves raras como carcará e a gralha azul.
A serra protege bosques de jacarandás, jequitibás e de centenárias araucárias, o pinheiro brasileiro, ameaçada de extinção.
PERIGO – O livro salienta que, embora tenha passado imune aos ciclos da monocultura da cana-de-açucar e do café, o patrimônio natural dos três municípios da Serra da Mantiqueira, que soma 686 quilômetros quadrados e abriga uma população de 68 mil pessoas, corre perigo.
A facilidade de acesso à região e a melhoria das vias de comunicação nas últimas três décadas intensificaram a procura da serra para o turismo.
O resultado é que aumentou a demanda de áreas de lazer, construção de casas de veraneio e pousadas, o que tem proporcionado a especulação imobiliária e a interferência negativa sobre os recursos naturais.
Campos do Jordão, por exemplo, praticamente não possui mais zona rural. O município, com exceção das áreas de proteção permanente, é uma imensa mancha urbana, onde pontilham construções em todas as colinas e vales.
Os municípios de Santo Antonio do Pinhal e São Bento do Sapucaí trilham o mesmo caminho. Em ambos, as atividades rurais perdem espaço para a indústria do turismo, nem sempre de forma ordenada.
Também há problemas como falta de tratamento de esgoto, ocupação irregular de encostas e áreas de preservação permanente por habitações precárias.
MANEJO – A Sema começou a preparar, em conjunto com os três municípios, um projeto de plano de manejo, com delimitação de áreas para a expansão urbana e zonas de preservação permanente, para ordenar o desenvolvimento da região.
“A obra editada pela Sema visa contribuir para o projeto de preservação da serra”, diz o assessor da Coordenadoria de Planejamento Ambiental Estratégico da pasta, José Flávio de Oliveira.
Para os municípios, o projeto vai ajudá-los na batalha pela conservação do patrimônio natural. “As águas da Mantiqueira são estratégicas para o Estado”, diz o secretário de Meio Ambiente de Campos, Rodrigo Veraldi Ismael.
Em sua opinião, o principal desafio do município é frear ocupação irregular nas margens de rios e encostas.
Já o secretário de Meio Ambiente de Santo Antonio, Marcelo Pinheiro, afirma que ‘é importante definir normas para promover a ocupação ordenada e para não degradar o meio ambiente, mas que permita o desenvolvimento dos municípios”.
