Litoral norte terá vigilância anti-seqüestro

Folha de S. Paulo - São Paulo - Sexta-feira, 24 de dezembro de 2004

sex, 24/12/2004 - 10h00 | Do Portal do Governo

Equipe da DAS vai atuar pela primeira vez na região para tentar evitar a ocorrência de casos que envolvam turistas

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA

Policiais civis especializados em ações anti-seqüestro vão atuar nos municípios do litoral norte do Estado durante toda a temporada de verão. O objetivo da polícia é realizar trabalhos de inteligência na tentativa de se antecipar a possíveis casos envolvendo turistas.
Esta é a primeira vez que uma equipe da DAS (Delegacia Anti-Seqüestro) é enviada ao litoral norte, região por onde, segundo previsões das prefeituras, devem passar cerca de 5 milhões de turistas até o fim do Carnaval.

Na última temporada de inverno, a estratégia foi posta em prática em Campos do Jordão (157 km de a nordeste de São Paulo). O trabalho resultou na prisão de uma quadrilha que, segundo a polícia, planejava o seqüestro de um empresário paulistano.

Algumas praias do litoral norte, como Juqueí e Maresias, na costa sul de São Sebastião, são freqüentadas por famílias ricas da capital e do interior do Estado.
De acordo com o delegado Claudinê Pascoetto, diretor do Deinter-1 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), de São José dos Campos, além da DAS, estarão na região durante o período equipes da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) e da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) vindas de municípios do Vale do Paraíba.

Pascoetto não revela quantos policiais foram destacados para a operação de reforço da segurança no litoral. Afirma apenas que o número é ‘suficiente para fazer a cobertura’ e que foram destacados, além de investigadores, delegados, escrivães e carcereiros.

Infiltrados

O delegado informou que dará ênfase ao trabalho de inteligência. Entre as ações compreendidas estarão a infiltração de investigadores à paisana entre os turistas em praias, restaurantes e até danceterias de São Sebastião, Ubatuba, Caraguatatuba e Ilhabela.

‘Para isso vamos utilizar um pessoal mais jovem, que não tem muito aquele jeitão de ‘tira’. Eles podem se misturar mais facilmente com os jovens e freqüentar determinados ambientes.’

Segundo Pascoetto, o trabalho de inteligência será feito principalmente durante os dias da semana, quando as equipes do trabalho ostensivo da DAS, da DIG e da Dise permanecerão em suas cidades-sede.

Aos finais de semana, esses policiais descem a serra para realizar um ‘trabalho de visibilidade’ e para executar ações planejadas durante a semana.

‘Durante a semana, nós temos alguns grupos de inteligência trabalhando e fazendo levantamentos para que esse pessoal, se for o caso, possa agir com maior segurança nos fins de semana. É quando se espera que possa acontecer alguma coisa.’

Acaso

O delegado admite, entretanto, que a polícia terá de contar com a sorte para identificar casos em que as ações criminosas, como roubos e seqüestros, são planejadas por grupos de outras cidades. Segundo a própria polícia, isso ocorre na maioria dos casos.

Em outubro passado, em Caraguatatuba, uma menina de cinco anos morreu em um acidente no carro em que ela e familiares eram mantidos como reféns por seqüestradores. O veículo bateu na marquise de uma ponte. A família, de São Paulo, passava o feriado do Dia de Nossa Senhora Aparecida na cidade.