Lista informatizada da PM mapeia criminosos

Correio Popular - Campinas - Sexta-feira, 8 de outubro de 2004

sex, 08/10/2004 - 10h24 | Do Portal do Governo

O Fotocrim possui um banco de dados on-line com fotografias e informações pessoais de 171.907 bandidos do Estado de São Paulo

Bargas Filho, da Agência Anhangüera

Não tem mais como um criminoso ao ser preso em Campinas “dar um migué” – na gíria policial, a expressão quer dizer revelar um nome falso para tentar escapar da prisão. Ao desconfiar das informações prestadas pela pessoa presa, é possível identificá-la por meio de uma cicatriz ou tatuagem numa consulta on-line. Trata-se do Fotocrim, a Base Informatizada de Fotografias Criminais, que funciona na cidade desde março de 2003. A Polícia Militar possui um banco de dados com fotografias e todas as informações pessoais de 171.907 criminosos em todo o Estado, dos quais 8.370 que atuam nas 90 cidades da região administrativa de Campinas.

O Fotocrim é um dos serviços informatizados da PM e auxilia também policiais civis e, principalmente, as vítimas de crimes. Estão armazenadas eletronicamente fotografias de pessoas que possuem registros policiais e judiciais, na esfera criminal. “Quando nossos policiais atendem a um caso nas ruas e a vítima se lembra do indivíduo que a atacou, é possível reconhecê-lo se a pessoa lembrar, por exemplo, de um detalhe físico ou tatuagem. Nosso banco de dados permite pesquisa pelo tipo de uma tatuagem que a vítima visualizou”, explica o coronel Reynaldo Pinheiro Silva, comandante da PM em 90 cidades da região de Campinas.

O Fotocrim foi apresentado ontem no Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), que está instalado no quartel do 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM), na Vila Industrial. “É um banco de dados fruto do trabalho de inteligência da Polícia Militar e de uma parceria muito importante com a Secretaria da Administração Penitenciária”, disse o capitão Ulisses Puosso, do Comando Geral da PM, um dos responsáveis pela instalação do sistema no Estado e que esteve ontem em Campinas. “Quando um delinqüente chega numa unidade prisional, todos os seus dados atualizados são fornecidos para o Fotocrim, inclusive com a fotografia do sujeito”, afirmou o capitão.

O banco de dados facilita o trabalho dos policiais militares que diariamente fazem prisões de pessoas que estão sem documentos e mentem sobre a verdadeira identidade justamente para dificultar a identificação. O coronel Reynaldo explicou que esse banco de dados somente pode ser acessado nos batalhões da PM, porém, existem estudos para instalação de computadores nas viaturas. “Assim, ficará mais rápido ainda a consulta da identidade do sujeito preso ou daquele que é descrito por uma vítima”, disse o comandante da PM.

Atualização

A assessora do gabinete da Secretaria da Administração Penitenciária, Yni Maria Camargo, afirmou que diariamente cerca de 80 informações de presos são enviadas ao Fotocrim pelas 127 unidades prisionais do Estado, alimentando e atualizando o bando de dados.

Ao acessar o nome do seqüestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, por exemplo, é possível obter um perfil detalhado – sua ligação com 49 bandidos, os crimes que cometeu, os três números de RG que utiliza, 12 fotos de seu rosto em várias fases de vida e ainda seus endereços, nomes de parentes e apelido de infância (“Piolho”) ou o que “ganhou” de alguns policiais por conta de sua preferência por carros do modelo Audi (“Audinho”).

A Polícia Civil também possui em Campinas uma sala de reconhecimento informatizada, na Delegacia de Investigações Gerais (DIG), onde estão arquivados, em computadores, fotografias e dados de criminosos. O local é utilizado diariamente por vítimas e testemunhas de crimes.

Sistema identificou em maio assassino de comerciante

O Fotocrim serviu para identificar o autor de um assassinato em maio em Campinas. O comerciante Ricardo Batista Cassiano, de 31 anos, foi morto dia 21 de maio, com um tiro no ombro, em seu escritório de compra de ouro e jóias localizado em um prédio comercial no Centro de Campinas. Ao fugir, o autor do crime deixou cair a cédula de identidade.

Foi por meio da consulta ao banco de dados da Polícia Militar que o acusado de ser o autor do crime foi identificado e seu endereço localizado. Ele foi preso dois dias depois. O Fotocrim forneceu a fotografia do sujeito, que foi reconhecida pelas testemunhas. O acusado tinha antecedentes por crimes de extorsão mediante seqüestro, roubo, desacato e porte ilegal de arma. (BF/AAN)

Informática agiliza atendimento

A Polícia Militar também usa recursos de informática para atender as ocorrências em Campinas. Quando uma pessoa aciona a polícia por meio do telefone 190, as informações são repassadas em questão de segundos aos policiais que estão nas viaturas graças ao sistema informatizado implantado no Copom.

“São equipamentos modernos onde as informações são digitalizadas e aceleram o atendimento da ocorrência”, explicou o coronel Reynaldo Pinheiro Silva, comandante da Polícia Militar em 90 cidades da região de Campinas. Até o ano passado, os policiais precisavam atender os telefones, anotar em fichas de papel o pedido e encaminhar para outra sala onde, por meio de rádio, as viaturas eram acionadas.

De acordo com o coronel Reynaldo, a informatização dos serviços da PM em Campinas custaram cerca de R$ 5 milhões. As ocorrências registradas e atendidas pela PM alimentam um banco de dados que possibilitam a elaboração do mapeamento dos crimes na cidade. Assim, a polícia sabe em quais regiões estão ocorrendo os maiores índices de criminalidade e o tipo de delito.

“Com esses dados, os comandantes dos batalhões se reúnem diariamente e, a partir dos dados, criam as ações de combate ao crime. É assim com os homicídios, roubos e furtos”, disse o comandante da PM. (BF/AAN)