Linha 4: tarifa subsidiada

Jornal da Tarde - Quinta-feira, dia 17 de agosto de 2006

qui, 17/08/2006 - 10h56 | Do Portal do Governo

Sérgio Duran, geral@jt.com.br

A Linha 4 do Metrô, que começa a ser operada em 2008 por meio da primeira Parceria Público-Privada (PPP) do País, poderá ter tarifa mais cara (a atual é de R$ 2,10). O edital de licitação que escolheu a MetroQuatro para operá-la estabelece fórmula própria de reajuste, a ser aplicada todo 1º de fevereiro. Se a linha começasse a operar hoje, a viagem custaria R$ 2,15. Mantido o cenário inflacionário, daqui a dois anos chegaria a R$ 2,30.

O valor cobrado na bilheteria, porém, seguiria sendo o mesmo, de acordo com o edital. A diferença entre a tarifa oficial e a da MetroQuatro seria paga pelo governo do Estado, ou seja, pelos impostos arrecadados. “Mas isso é uma evolução em relação ao que é feito nas estradas”, afirma Luiz Carlos David, presidente do Metrô, referindo-se ao fato de as concessionárias das estradas do Estado terem o direito de reajustar todo ano o valor do pedágio diretamente do consumidor.

É impossível saber hoje qual será a diferença real entre as tarifas do Metrô e a da Linha 4 porque depende de variáveis como a inflação dos próximos dois anos e o fato de a estatal não reajustar o valor atual do bilhete até 2008. Mas a diferença de hoje (R$ 0,05), por exemplo, obrigaria o governo do Estado a desembolsar R$ 45 mil por dia útil à MetroQuatro, considerando que os 900 mil usuários da nova linha – demanda estimada segundo o site do Metrô – fizessem apenas uma viagem.

O edital estabelece uma fórmula para calcular o reajuste do valor da tarifa com uma espécie de cesta de dois indicadores: o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), da Fundação Getúlio Vargas, e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

O JT solicitou ao professor da Faculdade de Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (FEA/USP), Heron do Carmo, que fizesse os cálculos propostos no edital. O resultado foi R$ 2,15 em julho. “Isso é transferência de capital público para a iniciativa privada”, disse o diretor do Sindicato dos Metroviários Manuel Xavier Lemos Filho.

Representação contra sindicato

A Companhia do Metrô enviará representação hoje ao Ministério Público Federal (MPF) pedindo que a diretoria do Sindicato dos Metroviários seja processada criminalmente pela greve de anteontem, que prejudicou 2,8 milhões de passageiros.

O gerente jurídico do Metrô, Sérgio Avelleda, pede a condenação dos diretores pelos crimes de desobediência e contra a organização do trabalho.

O diretor de Comunicação do sindicato, Manuel Xavier Lemos Filho, disse que vai aguardar a notificação e tomará as medidas cabíveis. Passada a greve, os metroviários continuam a campanha contra o processo de privatização da Linha 4 – Amarela. Mas, se depender de parte dos paulistanos, eles não terão apoio. É o que mostra uma enquete realizada anteontem pelo Portal Estadão. Das 1.089 pessoas que participaram, 75,3% não concordam com a paralisação.

Colaboraram Laura Diniz e Camila Anauate