Licitação para construção da Furp 2 sai amanhã

Gazeta Mercantil - Quinta-feira, 29 de janeiro de 2004

qui, 29/01/2004 - 10h24 | Do Portal do Governo

O governo do Estado de São Paulo deverá investir aproximadamente R$ 115 milhões na segunda unidade do laboratório. Será anunciado amanhã pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), o início do processo de licitação da primeira etapa de construção da segunda unidade da Fundação para o Remédio Popular (Furp), o maior fabricante público de medicamentos do Brasil, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde. A nova fábrica da Furp será erguida em Américo Brasiliense, distante 280 quilômetros da capital paulista, e o investimento previsto é de cerca de R$ 115 milhões – aproximadamente R$ 45 milhões para a compra de equipamentos e o restante será aplicado nas obras físicas.

Somente neste ano, o governo paulista deverá investir R$ 22 milhões nessa primeira fase de construção da Furp 2, como está sendo denominado o novo laboratório. O processo licitatório deverá durar 90 dias, prazo para as empresas se inscreverem; a previsão do Estado é iniciar as obras em maio próximo. A autorização para o edital de licitação será assinada por Alckmin em Araraquara, cidade vizinha a Américo Brasiliense, durante o projeto Governo Presente, em que o governador despacha, junto com seu secretariado, uma vez por semana, em cidades diferentes.

O governo estima o começo das operações dessa primeira etapa para o início de 2006. O projeto dessa etapa prevê um prédio industrial, com 18,8 mil metros quadrados, que abrigará as áreas de administração, almoxarifado e apoio, além de duas linhas de produção: uma com capacidade para a fabricação de 100 milhões unidades de sólidos (comprimidos que serão embalados em dose unitária) por mês/turno; e a outra com capacidade para produzir 1,8 milhão de unidades de produtos injetáveis por mês/turno. A Furp ainda não definiu com quantos turnos trabalhará, mas espera gerar 300 empregos diretos inicialmente.

Projeto prevê quatro expansões

A Furp 2 terá outras etapas, já que a área onde será construída tem 268 mil metros quadrados e o projeto arquitetônico (elaborado pela Topo Engenharia com custo de R$ 370 mil) contempla mais quatro expansões futuras, além de uma linha isolada para a produção de medicamentos especiais – hormonais e oncológicos, por exemplo. Serão fabricados diferentes tipos de medicamentos inicialmente, como analgésicos, antiinflamatórios, cardiovasculares, antiepiléticos, ansiolíticos, vitaminas. No entanto, a diversidade da produção ainda não está totalmente definida. A Furp 1, unidade que funciona desde 1974 em Guarulhos, na região Metropolitana de São Paulo, produz atualmente 110 tipos diferentes de medicamentos.

A primeira fase de construção da Furp 2, informou o governo, será feita em pré-moldados de concreto por causa da rapidez desse sistema construtivo e também porque permite a implantação de outras linhas de produção, como a de medicamentos em creme e em pomadas.

A cidade de Américo Brasiliense foi escolhida para a implantação da unidade porque fica em uma região com água abundante e de qualidade – próxima do Aqüífero Guarani -, de formação de mão-de-obra qualificada – Faculdade de Farmácia da Unesp -, e pela sua localização geográfica. Como está no centro do Estado, a distribuição para a região será mais rápida e com custo operacional menor para os clientes da Furp, em torno de cinco mil atualmente. ‘Vendemos para o Ministério da Saúde, secretarias estaduais e municipais, santas casas, instituições e entidades que dispensam os medicamentos gratuitamente’, afirmou o gerente geral da divisão comercial da Furp 1, Rubens Pimentel Scaffi.

Receita de R$ 193,8 milhões

Além dos recursos aplicados na Furp 2, a Secretaria de Estado da Saúde prevê investir mais R$ 11 milhões em 2004 na Furp 1. Essa fábrica vem recebendo constantes investimentos para a ampliação e modernização de suas instalações, afirmou Scaffi. No ano passado, foram R$ 5,1 milhões investidos pela Secretaria na melhoria do processo produtivo, que incluiu a aquisição de novos equipamentos.

Todo o investimento no aumento da produção é resultado, disse Scaffi, da procura cada vez maior por medicamentos fabricados pelos laboratórios públicos. Nos últimos anos, o setor público tem abastecido parte da migração da demanda, antes suprida pelas farmacêuticas privadas, motivada da perda de renda da população brasileira. ‘Isso pode ser observado pelo próprio crescimento da produção dos laboratórios oficiais, como a Furp.’

Em 2003, o laboratório paulista bateu recorde de faturamento. Foram R$ 193,8 milhões, 27,9% maior ante o de 2002, de R$ 151,4 milhões – receita que cresce há pelo menos dez anos. Em 1994, a Furp faturou R$ 34,5 milhões, com a produção de 357 milhões de unidades de medicamentos. Já no ano passado, ela fabricou pouco mais de 2 bilhões de unidades.

O volume, apesar de expressivo, foi menor do que o de 2002, quando o laboratório produziu 2,1 bilhões de unidades. A Furp informou que a redução deve-se principalmente ao seu investimento em produtos de maior valor agregado, o que contribuiu também para elevar sua receita em 2003. O programa Dose Certa, que responde por 65% das unidades fabricadas, registrou elevação de 15% na receita, que alcançou R$ 101,6 milhões no ano passado.

O laboratório fabrica atualmente 120 milhões de unidades de comprimidos por mês e terceiriza a produção e o beneficiamento de sólidos e injetáveis líquidos, que somam mais 30 milhões de unidades por mês. A unidade número 2 de sólidos em Guarulhos está em reforma e, após a conclusão, a Furp fabricará mais 60 milhões de comprimidos por mês, elevando a produção mensal para 210 milhões de unidades. A reforma, que será concluída no segundo semestre, tem custo de R$ 1,5 milhão e está sendo realizada pelos governos de São Paulo e federal.