Liberada área para centro indígena

A Tribuna - Santos - 18/9/2003

qui, 18/09/2003 - 10h01 | Do Portal do Governo

Quase um ano após a liberação da verba por parte do Governo do Estado, finalmente o Departamento Estadual de Proteção aos Recursos Naturais (DEPRN) autorizou a construção do Centro de Tradições Indígenas em Itanhaém. Orçado em R$ 250 mil e já licitado, o Centro deve se transformar na mais nova atração turística da Cidade, a partir da difusão da cultura, danças, crendices e culinária das seis tribos tupi-guarani do Litoral Sul. O espaço também vai incentivar a pesquisa e a troca de experiência entre estudantes, turistas e índios.

A obra é considerada essencial na estratégia da Prefeitura, de criar alternativas turísticas que não dependam da praia. A outra investida do Município no sentido de agregar valor ao turismo é a revitalização do Centro Histórico, cujas obras devem começar ainda este ano.

O Centro de Tradições Indígenas deverá fomentar o aumento da renda nas seis tribos, na medida em que prevê a exposição e venda do artesanato característico dos tupi-guarani.

A iniciativa conta com o aval do chefe do Posto da Funai no Litoral Sul, Cristiano Vieira Gonçalves Hutter, que, no entanto, faz uma ressalva: ‘‘Não queremos que o índio vire um produto, que sua cultura seja transformada em moeda de troca e que os tupi-guarani sejam expostos como animais na gaiola, como em um zoológico. Vamos mostrar que os índios são críticos, pensam e trabalham’’.

O empreendimento, que será administrado pela Associação Indígena Tupi-Guarani Awá Nimbonjeredjú, fica próximo ao Rio Preto, o que permitirá o acesso dos visitantes por via fluvial, além de viabilizar competições de canoa.

O DEPRN só permitiu o desmatamento da área com 994 metros quadrados de Mata Atlântica, diante do compromisso assumido pelo prefeito licenciado, Orlando Bifulco Sobrinho, de preservação permanente de uma outra área com quase 18 mil metros quadrados.

No total, o Centro ocupará 20.561 metros quadrados. A verba liberada pelo Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias (Dade) prevê a construção de quatro ocas que seguirão o estilo arquitetônico característico das construções tupi-guarani do Litoral Sul Paulista.

O material a ser utilizado é o eucalipto, coberto com sapé e paredes em pau-a-pique. Só o prédio da sede, com 155 metros quadrados, terá telhas de barro na cobertura.

Reza, dança e luta

Além da sede, será erguida uma casa de reza com 104 metros quadrados. Nesse espaço, os indígenas vão demonstrar suas crenças e liturgias. A casa de luta também terá 104 metros quadrados e será palco das tradicionais disputas entre os guerreiros das seis tribos.

O projeto prevê ainda a construção de uma praça de alimentação, onde o visitante poderá provar as iguarias caracaterísticas da culinária indígena. Também serão criadas 50 vagas de estacionamento.

O projeto contempla ainda a construção de um centro de recuperação de animais da Mata Atlântica, de um viveiro de mudas e um posto de saúde. No entanto, essas intervenções só devem ser licitadas em 2004.

CDHU vai construir 250 casas nas aldeias

A informação de que as obras do Centro de Tradições devem começar ainda este mês coincide com outras duas boas notícias para os tupi-guarani do Litoral Sul. A primeira, foi a aprovação por parte da Funai, na última terça-feira, da parceria entre a Aldeia Piaçaguera, de Peruíbe, e uma ONG japonesa que vai investir R$ 7.000,00 na retomada do artesanato típico da aldeia, baseado na cerâmica, na pintura e nos cestos.

A outra boa notícia veio ontem, com a confirmação de que a CDHU vai construir 250 casas de sapé e alvenaria para os índios. O convênio com a Funai vai beneficiar as aldeias do Aguapeú, Bananal e Rio Branco, além de outras duas, em Itariri.

Os imóveis não terão nenhum custo para os indígenas, que vão agradecer a iniciativa com uma série de apresentações de dança na sede da CDHU, no próximo dia 30, durante a assinatura do convênio.

Outro motivo de comemoração para os tupi-guarani foi a indicação de uma índio da aldeia Piaçaguera para representar o Brasil na Universidade Latinoamericana, em Havana, Cuba.

O indígena de Peruíbe é o primeiro índio brasileiro a frequentar uma faculdade de Medicina no exterior e deverá estar formado em 2007.