Leilão do Rodoanel tem deságio de 61%

O Estado de S.Paulo - Quarta-feira, 12 de março de 2008

qua, 12/03/2008 - 11h03 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

A partir de novembro, quem usar os 31,6 quilômetros do Trecho Oeste do Rodoanel passará a pagar pedágio de aproximadamente R$ 1,22, sempre na saída da pista. A cobrança caberá ao Consórcio Integração Oeste, formado pela Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR) e pela Encalso Construções, que venceu ontem o leilão de exploração. Haverá 13 praças nas saídas para as cinco rodovias que cruzam a via, no acesso da Avenida Raimundo Pereira de Magalhães (Estrada Velha de Campinas) e nas duas entradas do bairro Padroeira, em Osasco. Uma 14ª praça será erguida no acesso ao Trecho Sul.

O valor fechado ontem foi de R$ 1,1684, mas haverá um reajuste em junho, pelo IPC-A, que deve ficar em torno de 5%. Mesmo com o deságio de 61,05% em relação ao limite proposto pelo governo do Estado – R$ 3 -, o Rodoanel terá mais do que o dobro do custo por quilômetro pedagiado, em comparação com as rodovias federais que passam por São Paulo e foram privatizadas pela União no ano passado.

Após o leilão de Fernão Dias e Régis Bittencourt, o governador José Serra alterou o modelo de concessão paulista e diminuiu, em novembro, o valor do pedágio de R$ 4,40 – proposto pelo Programa Estadual de Desestatização (PED) – para R$ 3. No Trecho Oeste, o preço por quilômetro será de R$ 0,036, enquanto na Fernão será de R$ 0,014 e na Régis, de R$ 0,019. Na concessão federal não há contrapartida, a chamada outorga a ser paga pela concessionária ao Estado.

“O leilão foi um sucesso e a tarifa ficou bem abaixo do nosso teto. É bem verdade que é mais caro que três lotes de concessão federal. Mas é mais barato que o lote da BR-393, que liga Minas ao Rio, onde o quilômetro é de R$ 0,040”, defendeu Serra. O governador disse ainda que o investimento de contrapartida em São Paulo é seis vezes maior que o previsto por quilômetro nas rodovias federais concedidas.

CONTRAPARTIDA

Além da tarifa mínima, a CCR terá de pagar outorga de R$ 2 bilhões ao Estado em dois anos – R$ 200 milhões logo na assinatura do contrato, em abril ou maio. A concessão é por 30 anos. “Não esperava um deságio tão grande. Isso reflete o poder da concorrência. É uma empresa (a CCR) que tem experiência e ninguém vai questionar se vai administrar bem ou não o Rodoanel”, afirmou o secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos, Mauro Arce.

A Agência de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp) fará em 20 dias a qualificação técnica e a análise econômico-financeira da proposta da CCR para homologar a licitação. Depois, haverá a assinatura do contrato e a transferência do controle do Trecho Oeste da Dersa para o consórcio.

Também é obrigação do concessionário fazer investimentos de R$ 804 milhões no Trecho Oeste: construção de marginais entre o Trevo Padroeira e a Rodovia Raposo Tavares; estabelecimento de faixa adicional entre os trevos da Castelo Branco e da Raposo Tavares; recuperação de 6 quilômetros da marginal de Carapicuíba; construção de três passarelas e troca do pavimento de concreto. De acordo com Arce, o dinheiro da outorga será destinado para o Trecho Sul, cujas obras estão em andamento e devem ser entregues em 747 dias (março de 2010), conforme a Dersa.

Participaram do leilão do Trecho Oeste outros quatro consórcios. A proposta vencedora foi R$ 0,0916 menor do que a segunda oferta (R$ 1,26), feita pelo Consórcio Metropolitano (Odebrecht, Cibe, BRVias). Os demais valores ficaram acima dos R$ 2: o Consórcio Ecoanel (TPI, Triunfo e Iberpistas) ofereceu R$ 2,1799 e a Construtora Andrade Gutierrez, R$ R$ 2,2468. A OHL, vencedora do leilão das rodovias federais, chegou a R$ 2,2807.

MOVIMENTO

O presidente do grupo CCR, Renato Vale, disse que levou em conta o aumento do tráfego no Trecho Oeste, quando o Trecho Sul estiver em operação, para formular sua proposta. “Nossa expectativa de volume de tráfego é muito grande. Isso possibilitou fazer essa proposta sem que a qualidade dos serviços seja diferenciada do que já praticamos em outras rodovias”, explicou. Circulam hoje pelo trecho concedido, segundo a Secretaria dos Transportes, 145 mil veículos por dia, em média. As projeções da CCR elevam o volume de tráfego para 246 mil veículos/dia com a parte sul em operação.

COLABOROU DIEGO ZANCHETTA POTÊNCIA CCR O grupo: A Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR) é liderada pelas construtoras Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez em parceria com a

portuguesa Brisa. Controla 1.452 quilômetros de rodovias em todo o território brasileiro

O consórcio: No Trecho Oeste do Rodoanel, a CCR se consorciou com a Encalso. Na semana passada, a CCR comprou 40% da sua parceira, que já administra a Renovias (estradas que ligam Campinas à região sul de Minas Gerais e circuito das águas em São Paulo)

Atuação em SP: A Companhia tem força na Região Metropolitana de São Paulo. Já administra a AutoBan (Anhangüera/Bandeirantes), ViaOeste (Castelo Branco/Raposo Tavares) e Nova Dutra (Presidente Dutra). Também vai operar a Linha 4 – Amarela do Metrô, quando esta for concluída. Atua também no Rio de Janeiro, Paraná e em outros países, como os Estados Unidos

Obras: Está fazendo reformas na chegada da Anhangüera e Marginal Tietê, e vai construir ampliação do Cebolão, na Castelo Branco