Folha de S.Paulo
Os resultados da lei seca no Estado de São Paulo foram mais significativos na região metropolitana da capital do que nas estradas federais e estaduais privatizadas, conforme apontam dados do governo do Estado e da PRF (Polícia Rodoviária Federal) dos primeiros meses após a adoção da medida, iniciada em 19 de junho.
A queda de 44% do número de feridos em acidentes na região metropolitana, registrada nos primeiros 30 dias da lei, se manteve nos dois meses seguintes. A comparação é com o mesmo período do ano passado, segundo a Secretaria de Estado da Saúde -a pasta não tinha os dados sobre mortes.
Já a quantidade de feridos em acidentes ficou praticamente inalterada nas estradas pedagiadas. O número de mortos caiu 5% e o de acidentes diminuiu 8%, na comparação entre julho deste ano e de 2007 -a Artesp (agência que fiscaliza as concessões estaduais) não tem dados mais recentes.
Nas estradas federais que cortam o Estado, somados os meses de julho e de agosto, o número de feridos diminuiu 18%; o de mortos, 13%; e o total de acidentes aumentou 12%, segundo a PRF.
“Fator álcool”
Especialistas avaliam que o “fator álcool” tem menos impacto na explicação de índices de acidentes e mortalidade nas estradas. “O alcoolismo não é o maior problema nas rodovias. Os acidentes estão mais ligados a velocidade e imprudência. E sua redução depende mais de outros fatores, como fiscalização e sinalização”, afirma o professor de engenharia de tráfego da UnB Paulo César Marques.
“Ir para o bar e beber é um comportamento tipicamente urbano. Na estrada, o que conta [para explicar a maior parte dos acidentes] é a imprudência. Mas uma imprudência sóbria”, afirma o consultor de transportes Vernon Kohl.
O governo do Estado também atribuiu o impacto mais brando da lei nas estradas à diferença de hábito dos motoristas, que “dificilmente bebem tanto antes de pegar a estrada”, afirma o diretor de operações da Artesp, Sebastião Martins.
Outra explicação, diz ele, é a proibição da venda de bebida alcoólica nas estradas, que já valia antes da lei seca.
Frota
Segundo o inspetor Edson Varanda, chefe da comunicação da PRF, a alta do número de acidentes nas estradas federais é decorrência do “aumento da frota” que circula nas rodovias. “Mas, com a lei seca, os acidentes passaram a ser menos graves”, afirmou Varanda.
A Artesp também divulgou ontem balanço de acidentes nas estradas pedagiadas até julho. O número de mortos somou 433 -4,8% menos que no mesmo período em 2007.