Lei seca patrocina hospital para acidentados

O Estado de S. Paulo

sex, 19/06/2009 - 7h39 | Do Portal do Governo

O governo de São Paulo anunciou ontem que a adoção da lei seca resultou em economia de, ao menos, R$ 17 milhões aos cofres do sistema de saúde. O dinheiro poupado com a redução de atendimentos de vítimas de trânsito será revertido neste ano na criação de um hospital público que ofereça fisioterapia, tratamento e reabilitação para acidentados, uma das demandas resultantes da chamada “epidemia” de colisões no tráfego.

A legislação que aumentou o rigor das penas aos motoristas embriagados faz um ano amanhã. Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde, em 30 hospitais da capital e da Grande São Paulo houve redução de 18,9% no número de vítimas do trânsito, o que representa 1.440 pacientes a menos por mês. Entre 19 de junho de 2008 e o início deste mês, foram 75.175 atendimentos de acidentes automobilísticos, quedas de moto ou atropelamentos, ante 92.741 no intervalo de junho de 2007 a junho do ano passado.

Os R$ 46,5 mil, em média, que deixaram de ser gastos por dia eram usados para tratar as sequelas mais leves das colisões – exames de raios X, escoriações, curativos e consultas com especialistas. Isso porque, afirma a secretaria, oito em cada dez pacientes que fazem parte do balanço divulgado são da chamada “categoria leve”, ou seja, não precisam de internação. “Esses recursos ajudarão o governo do Estado a criar e instalar ainda neste ano o mais moderno hospital de reabilitação de pacientes com sequelas físicas e neurológicas, como os amputados e as vítimas de paralisia cerebral, paraplegias e tetraplegia do País”, prometeu o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas. O endereço da nova unidade não foi divulgado nem o número de leitos definido.

A implementação de um serviço de reabilitação serve para sanar um dos gargalos do sistema de saúde pública, que é o atendimento de lesões medulares e problemas ortopédicos. A fila de espera para conseguir atendimento na Associação de Assistência à Criança Deficiente em São Paulo (AACD) – referência nacional e pública de atendimento às pessoas com lesão medular – serve como exemplo. Atualmente, 30 mil pacientes adultos e infantis aguardam por uma vaga na instituição (para tratamentos variados). Um estudo recente indicou que os motociclistas lideram as estatísticas de atendimentos de paraplegia e tetraplegia.

Estudos anteriores já evidenciaram a íntima relação entre bebida alcoólica e acidentes – uma pesquisa da USP dizia que 35% dos motoristas mortos no trânsito estavam embriagados. Otaliba Libanio de Neto, diretor de departamento do Ministério da Saúde, ressalta que a adoção da lei seca tinha o foco imediato em reduzir as vidas perdidas após a mistura do álcool e volante. “O impacto na queda de internações e custos foi secundário. Apesar de ser desejável.”