Jovens da periferia representam o Brasil em NY

O Estado de S. Paulo - 4/5/2002

sáb, 04/05/2002 - 10h49 | Do Portal do Governo

Elaine e Duane, de 17 anos, vão participar de sessão da ONU e tocar violino

Da periferia da Grande São Paulo para Nova York. Este foi o trajeto das estudantes Elaine Cristina Mathias e Duane Egle Santos, ambas de 17 anos e filhas de faxineiras desempregadas. Embora pouco conheçam além de um raio de 100 quilômetros de suas casas, em bairros considerados violentos, elas representam o Brasil numa reunião da Organização das Nações Unidas (ONU). As duas aprenderam a tocar violino freqüentando as aulas gratuitas do Projeto Guri, mantido desde 1995 pelo governo do Estado e vão contar sua experiência na Sessão Especial da Assembléia da ONU em Favor da Infância.

O objetivo do encontro é discutir dificuldades e direitos das crianças no mundo. “Depois que comecei a tocar me tornei menos tímida, aprendi a confiar mais em meu potencial”, afirma Duane. Ela pretende abordar temas polêmicos, como drogas, violência e desemprego. “Mas com atividades como a música é possível nos sentirmos mais valorizados.”

Aluna do 3.º colegial e moradora do Jardim Padroeira 2, em Osasco, ela ouviu o som de um violino pela primeira vez há dois anos, em uma apresentação gratuita. “Me apaixonei na hora.” Hoje, dedica 25 horas semanais às aulas e aos ensaios.

“Sinto um frio na barriga quando penso na viagem”, confessa Elaine. “Mas quero ter a oportunidade de dizer que precisamos de uma educação que dê os jovens a oportunidade de fazer algo de que se orgulhem.”

Talentos – O convite para participar do fórum, realizado a cada dez anos, com 800 adolescentes de mais de 150 países, partiu do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

“Mais de 100 mil jovens já passaram pelo Guri; temos hoje 15 mil em 65 polos”, diz a coordenadora-geral do Projeto Guri, Beth Parro.

“Descobrimos muitos talentos com esse trabalho e surgem oportunidades profissionais, mas isso é pouco se comparado à melhoria da qualidade de vida desses jovens”, afirma a coordenadora técnica Nurimar Valsecchi. “A maioria dos garotos se torna mais responsável e até melhora o rendimento escolar.”

Gláucia Leal