Jovens Acolhedores

Diário de S.Paulo - Segunda-feira, 20 de junho de 2005

seg, 20/06/2005 - 12h46 | Do Portal do Governo

Luiz Roberto Barradas Barata

Ao entrar em uma unidade de saúde, seja pública ou privada, de baixa, média ou alta complexidade, o cidadão que necessita de atendimento médico encontra-se, normalmente, fragilizado. Ou pelos próprios sintomas que seu organismo manifesta, ou pelo nervosismo de estar em um ambiente pouco familiar e por vezes até hostil.

O que fazer para, pelo menos, diminuir esta angústia? Essa era a dúvida da Secretaria de Estado da Saúde no início de 2003. A solução foi lançar, em agosto de 2004, um projeto pioneiro, que auxilia os usuários nesta chegada à unidade. Nasceu o Jovens Acolhedores.

De lá para cá os resultados apareceram. Nos 28 hospitais da Grande São Paulo que receberam os Acolhedores a aceitação dos pacientes e funcionários foi enorme. Cerca de 310 estudantes universitários passaram a participar do programa, realizando o primeiro contato com o paciente ou seu acompanhante, cumprimentando-os de forma atenciosa, prestando orientação eficiente, carinhosa e solidária, com informações precisas e o adequado encaminhamento. Como o próprio nome sugere, o projeto acolhe, conforta, explica, proporciona a segurança que o paciente necessita e merece.

Além de aprimorar o atendimento ao cidadão, houve outro resultado extremamente positivo e, de certa forma, inesperado. Os universitários, que não precisam obrigatoriamente freqüentar curso relacionado à Saúde, já que a necessidade é de atender bem as pessoas que procuram as unidades, passaram a se interessar pelo que acontece na unidade que trabalha. Casos de alunos de Informática sugerindo adequações estratégicas de informatização ou futuros arquitetos planejando novas áreas de atendimento surgiram. É ‘oxigênio’ de mentes novas e dispostas a ajudar.

Deve-se lembrar ainda outro fator importante dos Jovens Acolhedores. O trabalho não é voluntário. Cada estudante recebe o valor de sua mensalidade na universidade. A Secretaria de Estado da Saúde arca com R$ 350 e a faculdade com o restante. É a oportunidade do jovem pagar seu estudo e entrar no mercado de trabalho, ganhando experiência como cidadão que participa da vida de sua comunidade.

É evidente que muito ainda precisa ser feito para termos a assistência de qualidade que todos desejamos em São Paulo. E outros projetos como o Leia Comigo, de instalação de bibliotecas em hospitais, e o Conte Comigo, uma espécie de Ouvidoria, estão ajudando muito para que isso aconteça. No entanto, com os Jovens Acolhedores nos hospitais estaduais, um compromisso assumido publicamente no início da atual gestão e um pedido pessoal do Governador Geraldo Alckmin, estamos promovendo um avanço sem precedentes na qualidade de atendimento de saúde oferecida pelo SUS.

Agora chegou a hora de ampliar a iniciativa. Além da Grande São Paulo, os universitários trabalharão em hospitais estaduais de Santos, Sorocaba, Mirandópolis, Presidente Prudente, Assis e Promissão. Cada unidade, de acordo com a procura que recebe, terá seu grupo treinado e qualificado para atender a população.

Temos a convicção de que o projeto ‘Jovens Acolhedores’, agora por todo o Estado, é passo decisivo para implantarmos o padrão ‘Poupatempo’ de qualidade na saúde pública do Estado de São Paulo. Todo o investimento em infra-estrutura, equipamentos de última geração, remédios e insumos será insuficiente se não acrescentarmos dois ingredientes indispensáveis à eficácia do SUS em São Paulo: atenção e afeto.

* Luiz Roberto Barradas Barata, 52, é médico sanitarista e secretário de Estado da Saúde de São Paulo.