Jardim Botânico de SP festeja 80 anos com livro e eventos

Jornal da Tarde – sábado, 8 de novembro de 2008

sáb, 08/11/2008 - 17h06 | Do Portal do Governo

Jornal da Tarde

O Jardim Botânico de São Paulo está em festa. Quem for ao parque hoje, além de não precisar pagar os R$ 3 normalmente cobrados na entrada, ainda poderá conferir uma interessante programação. Tudo para marcar os 80 anos da fundação, comemorados ao longo deste ano.

Haverá exposição de orquídeas – de um acervo com 700 espécies diferentes – e de fotos que contam a história do Botânico. Estão previstas ainda quatro apresentações musicais: da Banda Militar do Estado (10h30), dos Trovadores Urbanos (12 horas), do Quarteto de Cordas (12h30) e do conjunto Entre Parentes (14 horas).

Ao meio-dia, será reaberta a entrada principal do Jardim Botânico. Após meses de obras, deixa à mostra o Córrego Pirarungaua, um dos muitos que formam o Riacho do Ipiranga. “Anteriormente, ficava encanado”, conta a diretora da instituição, Lilian Penteado Zaidan. “O paisagismo no entorno, com xaxins, helicônias, samambaias e bromélias, foi feito com plantas resgatadas das obras do Rodoanel.” A preocupação em preservar o material encontrado durante a construção da estrada soma-se aos esforços do Botânico na luta contra a extinção de espécies vegetais. No parque há exemplares de palmito e pau-brasil, por exemplo, ambos ameaçados.

LIVRO

Lilian é co-autora do livro Do Éden ao Éden – Jardins Botânicos e a Aventura das Plantas, da Editora Senac, que será lançado às 13 horas, durante as comemorações. A obra traz a história de 35 parques do gênero ao redor do mundo, incluindo o paulistano e o carioca. “O de São Paulo é diferente porque é o único ladeado por vegetação nativa, no caso a mata atlântica”, afirma a diretora. “Os demais ficam dentro da cidade.”

A peculiaridade do Jardim Botânico do Rio é sua história. Ele está ligado à vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808. “A construção dele foi uma das primeiras ações de dom João VI no Brasil”, lembra Lilian. “Por isso, ele tem uma cara mais européia, com fontes e construções da época.” Neste ano, o jardim comemora dois séculos de existência.

Gil Felippe, o outro autor do livro, é Ph.D. em Botânica pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, e professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele acredita que o jardim botânico mais importante do mundo é o de Kew, às margens do Rio Tâmisa, na Inglaterra. “Por vários motivos”, defende. “Pela coleção de plantas, pelas exposições e pelas pesquisas.”

HISTÓRIA

Considerado o mais antigo do mundo, o Jardim Botânico de Pisa, na Itália, foi criado em 1543. “Sua principal função era manter as plantas medicinais usadas pela faculdade local”, diz Felippe. “Antes dele, os jardins eram particulares: cada professor tinha o seu.”

Também italiano, o Jardim Botânico de Pádua foi fundado em 1545 como um horto apenas medicinal. Nunca mudou de endereço – o de Pisa transferiu-se três vezes – e conserva, praticamente inalterada, sua estrutura inicial. Por sua importância, em 1997 foi considerado Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Essa preocupação inicial, ligada à fitoterapia, se perdeu no decorrer dos séculos. Os parques passaram a ser locais de pesquisa botânica em geral, além de servirem como espaços de lazer e contemplação. “Hoje, o de Chelsea, em Londres, na Inglaterra, é o único a ter a característica original”, afirma Felippe. “Lá os canteiros são divididos assim: há o setor da oncologia, o do sistema respiratório…”

E por que as pessoas gostam tanto dos jardins botânicos? “A nossa idéia é que o homem foi posto fora do Éden e está sempre à procura de reaver esse jardim”, acredita Felippe.