IPT inaugura Túnel do Vento, para medir resistência e poluição

O Estado de S. Paulo - 7/6/2002

sex, 07/06/2002 - 9h56 | Do Portal do Governo

Laboratório, com 40 metros e um enorme ventilador, ajuda em várias aplicações

Os rangidos sob os pés dão a impressão de que não se trata de estrutura muito sólida. Toda em madeira, com janelas de vidro e apoiada em suportes de metal, não parece capaz de resistir a rajadas internas de vento de até 90 quilômetros por hora. Apesar das aparências, o Túnel de Vento de Camada Limite Atmosférica é um laboratório de ponta, um entre talvez outros 15 no mundo do mesmo porte.

O Túnel de Vento foi inaugurado ontem no Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT). Nele podem ser feitas experiências e simulações sobre resistência de materiais e construções à ventania, dispersão de poluentes e deslocamento de fumaça nas cidades.

É possível visualizar os volteios do vento carregando gases expelidos por uma fábrica e ver onde se depositam as partículas sólidas, qual a face de um edifício, ou a área de uma cidade, mais afetadas pela poluição. ‘Vamos estudar o canal preferencial da fumaça’, diz o professor Marcos Tadeu Pereira, chefe do Agrupamento de Vazão do IPT.

Através de simulações, feitas em maquetes, pode-se determinar qual a melhor altura para a chaminé de uma indústria ou analisar se um loteamento à margem de uma avenida precisa ser protegido por placas deflectoras, que lançam a fumaça dos carros para longe das casas. Os efeitos das cargas de ventos também são analisados em torres, pontes ou plataformas marítimas de petróleo. Até a poluição causada por queimadas pode ser simulada.

São 40 metros de túnel, com um ventilador gigante em uma das extremidades. Lá dentro, um robô distruibui os equipamentos de medição. Um anemômetro, equipamento de alta tecnologia a laser por fibra óptica, que mede a velocidade do vento, pode ser usado em determinadas situações. Na área industrial, o instituto utiliza o anemômetro para estudar a aerodinâmica de objetos.

‘Percebemos que havia mercado para testes com o túnel de vento’, afirma Pereira. O Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP vai usar o túnel para validar modelos matemáticos. A Cetesb também fez parceria com o IPT.

Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o laboratório custou cerca de R$ 700 mil, além de R$ 300 mil em infra-estrutura e projeto. O Comitê Internacional de Pesos e Medidas escolheu o IPT como representante das Américas para definir um padrão internacional de velocidade do ar.

Laura Knapp