IPT desenvolve caixa para produtos agrícolas

O Estado de S. Paulo - 24/09/2003

qua, 24/09/2003 - 10h13 | Do Portal do Governo

Mais higiênica e moderna que as antigas caixas ‘K’, embalagem está sob avaliação

Tatiana Fávaro

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) desenvolveu e deve dispor ao mercado, em breve, uma nova embalagem para transporte de produtos agrícolas. As caixas de madeira compensada resinada substituiriam as tradicionais caixas ‘K’, utilizadas para esse fim por muitos agricultores e comerciantes. O novo modelo, estudado pelo IPT a pedido da Secretaria da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo de São Paulo, não absorve água e pode receber tratamento antifúngico. A pesquisa teve participação de técnicos do Centro de Qualidade em Horticultura da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp).

De acordo com o coordenador do estudo e chefe do Laboratório de Embalagem e Acondicionamento do IPT, Ernesto Freire Pichler, as novas embalagens prevêem tamanhos compatíveis com os paletes, plataformas de madeira sobre as quais se empilha carga, para transportar um grande bloco de material. As caixas propostas pelo IPT não terão arestas que possam marcar os frutos, terão características de proteção ao produto embalado, boa ventilação e estabilidade para poderem ser encaixadas, empilhadas e transportadas em caminhões.

O projeto foi encaminhado à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que deverá criar uma comissão de estudos. ‘Isso poderá servir de subsídio para o Ministério da Agricultura padronizar o transporte de hortifrutícolas no País’, diz Pichler. ‘O mercado exige caixas boas e baratas. Só com elas o consumidor vai poder pagar menos pelas frutas e verduras que compra e o vendedor vai ter mais lucro e menos perdas.’

Segundo Pichler, o mercado deve abrir espaço para competição entre diferentes tipos de caixas: de papelão, de plástico, de madeira e de materiais combinados. ‘As caixas de madeira, como a ‘K’, estão sendo criticadas pois, além de não serem compatíveis com os paletes, muitas vezes apresentam, quando reutilizadas, alguns problemas de contaminação por fungos e bactérias’, ressalta Pichler. Usadas para transporte de produtos agrícolas e reutilizada, no passado, para transporte de galões de querosene, a caixa ‘K’ foi definida como padrão em ato normativo do Ministério da Agricultura, na década de 70. ‘Ela funcionou bem, mas foi superada por conceitos mais modernos, de higienização, e pela mecanização da descarga, prática comum em todos os países desenvolvidos’, ressalta o pesquisador. Ele afirma que o novo modelo proposto pelo IPT aceita aplicações de antifúngicos. ‘Outras formas de higienização estão sendo estudadas.’

Capacidade – Uma caixa boa precisa ter estrutura firme e dimensões corretas. ‘As características devem obedecer às exigências do mercado quanto ao tamanho das caixas e ser um produto que evite, por exemplo, a compressão excessiva do produto embalado’, comenta. Outro detalhe a ser observado, ressalta Pichler, é a compatibilidade da caixa com o palete, o que permite a movimentação mecanizada das caixas, reduzindo os custos com logística. ‘O processo mecanizado reduz o tempo de descarga do material de meia hora para dez minutos, no máximo’, afirma o pesquisador. ‘A descarga manual leva a inúmeros inconvenientes, como a danificação do produto e a formação de longas filas de caminhões e o conseqüente encarecimento do produto. As novas embalagens prevêem tamanhos compatíveis com os paletes, permitindo que uma empilhadeira levante a carga e a movimente mecanicamente.’ Um outro critério dimensional proposto pelo IPT é o de que uma caixa vazia caiba dentro de outras duas, com o objetivo de facilitar o transporte dessas embalagens.

Somadas, essas características compõem o projeto de quatro tipos de caixas: de 20 ou de 30 litros, com base de 500×300 milímetros; de 50 e 90 litros, com base de 600×500 milímetros; de 300 litros, com base de meio palete; e de 500 litros, a caixa-palete. ‘Essas dimensões coincidem, em grande parte, com as resultantes de estudos feitos pela Embrapa, de forma independente’, diz Pichler.

O IPT realizou testes para garantir resistência ao empilhamento, a quedas, a vibrações e ao levantamento mecanizado. ‘Mas sabemos que interessa a qualidade a custo mínimo e, pensando nisso, estudamos a redução de custos pela redução de perdas, ganhos logísticos e economia de escala’, afirma o pesquisador.