Internos do CR de Jaú produzem 200 pares de sapatos todos os dias

Jornal da Cidade - Bauru - Quarta-feira, 5 de maio de 2004

qua, 05/05/2004 - 10h38 | Do Portal do Governo

Três fábricas de calçados de Jaú estão utilizando mão-de-obra carcerária para ajudar na produção. Cerca de 200 pares de sapatos femininos são confeccionados diariamente por 20 internos do Centro de Ressocialização (CR), inaugurado em novembro do ano passado.

Se por um lado a iniciativa ajuda as empresas a contornar o problema da falta de mão-de-obra, por outro é uma importante aliada no trabalho de ressocialização dos presos. Além disso, a cada três dias trabalhados os internos ganham o direito de descontar um de sua pena dentro da prisão.

Na opinião da diretora do CR, Maria de Lourdes Kerche do Amaral, a ressocialização dos presos torna-se mais eficaz com a inserção deles no trabalho. “A gente nota claramente a mudanças nas pessoas que estão trabalhando. Eu nem lembro que eles existem”, disse a diretora para reforçar a declaração de que os problemas de indisciplina inexistem dentro do grupo de detentos trabalhadores.

“Tirando o fato deles estarem dentro do CR nada os diferencia de um trabalhador que está lá fora”, afirmou Maria de Lourdes.

O critério de seleção, segundo explicou a diretora, leva em consideração o comportamento do preso, a necessidade de sustento da família e as chances de recuperação e reinserção na sociedade.

Dos 197 internos que existem hoje no CR, 170 estariam aptos a ocupar uma vaga dentro do “mercado de trabalho” carcerário. Os demais são presos provisórios, que podem ser soltos a qualquer momento, ou presos que não têm interesse em fazer parte do grupo de trabalhadores.

Do grupo que está trabalhando atualmente na produção dos calçados, a maioria já teve algum contato anterior com o serviço. Com isso, o aprendizado foi facilitado.

A parceria entre as empresas e o CR teve início há cerca de dois meses. O primeiro pagamento foi feito em abril e o valor depende da produção de cada um.

Segundo Maria de Lourdes, o valor pago aos internos é o mesmo oferecido pelas empresas pelo serviço terceirizado em qualquer outra parte da cidade. As máquinas e os equipamentos são fornecidos pelas empresas.

O CR de Jaú tem capacidade para receber até 210 detentos. A maioria são presos provisórios ou aqueles que estão cumprindo pena pela primeira vez, seja em regime fechado ou semi-aberto.