Interior notifica mais transplante que capital

O Estado de S.Paulo - Sexta-feira, 19 de outubro de 2007

sex, 19/10/2007 - 11h45 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

Entre os dez hospitais com maior número de notificações (avisos à Central de Transplantes) de possíveis doadores de órgãos no Estado de São Paulo nos últimos dois anos, quatro são do interior do Estado e responderam por 117 alertas. Nesse período, os cinco hospitais da capital na mesma lista fizeram 107. Todas as unidades do ranking são públicas.

As instituições que colocam o interior do Estado na liderança das notificações são o Hospital de Base (HB) de São José do Rio Preto, o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (USP), o Conjunto Hospitalar de Sorocaba e o Hospital das Clínicas de Campinas (Unicamp). O primeiro lugar no ranking coube ao HB de Rio Preto, com 44 notificações, e o terceiro ao HC de Ribeirão, com 36. Com 41 avisos, o HC da capital é o segundo.

O bom desempenho dessas instituições é resultado do processo de interiorização das centrais de captação de órgãos. Hoje, no Estado de São Paulo, dez Organizações de Procura de Órgãos (OPOs) são responsáveis pela captação e identificação de possíveis receptores para as doações. Cada equipe é composta por, em média, seis profissionais – médicos e enfermeiros.

Segundo Luiz Augusto Pereira, coordenador da Central de Transplantes da Secretaria de Estado da Saúde, o bom desempenho desses hospitais coincide também com a localização das equipes de procura e captação. São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Sorocaba, Campinas, Marília e Botucatu são as cidades do interior que contam com uma OPO atuante em suas regiões.

“Todos os que estão na lista, além de realizar transplantes, têm suas equipes de procura de órgãos”, afirma Pereira.

Cerca de 170 hospitais fizeram notificações de pacientes com morte encefálica de setembro de 2005 a setembro deste ano, o que corresponde a 707 doadores viáveis. O coordenador da Central de Transplantes, no entanto, admite que esses números poderiam ser maiores caso as comissões intra-hospitalares responsáveis pela captação e notificação funcionassem de fato.

SEM EQUIPES NEM RECURSOS

Desde 2005, portaria do Ministério da Saúde obriga todo hospital com mais de 80 leitos a ter uma comissão intra-hospitalar constituída para fazer o diagnóstico de morte encefálica, a captação de órgãos e a notificação das centrais de regulação. A falta de fiscalização e de remuneração para os profissionais que fazem parte das comissões ainda impede que funcionem como deveriam.

Esse não é o único problema para a notificação de doadores de órgãos. A falta de recursos dos hospitais públicos também atrapalha. Um paciente com diagnóstico de morte encefálica precisa ser mantido vivo com ajuda de aparelhos, o que significa a ocupação de um leito de UTI mesmo com falta de vagas. “Sem o diagnóstico, não há notificação”, diz Pereira.

Para o coordenador da OPO do Hospital de Base de São José do Rio Preto, Renato Ferreira da Silva, é preciso cobrar responsabilidade dos hospitais privados para que façam também as notificações. “Não há motivo para comemorar, pois as doações caem ano a ano”, diz.

QUEDA

Em julho, o Estado mostrou que, desde 2001, o número de transplantes feitos no País caiu pela primeira vez. Em 2006, de acordo com dados do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), órgão do Ministério da Saúde, 14,1 mil transplantes foram feitos no País, ante 14,2 mil realizados em 2005, para órgãos como coração, córnea, fígado, pâncreas, pulmão e rim.

Em 2004, foram realizados , por exemplo, 200 transplantes de coração no Brasil. Em 2005, foram 181. E, em 2006, apenas 147.

OS DEZ MELHORES

HB São José do Rio Preto: 44

HC São Paulo: 41

HC Ribeirão Preto: 36

Santa Casa de São Paulo: 24

Conjunto Hosp. de Sorocaba: 23

Hospital Estadual Diadema: 22

Hospital Santa Marcelina: 19

HC Campinas: 14

Hospital do Campo Limpo: 12

Hospital São Paulo: 11