‘Intensivão’ contra o cigarro

Jornal da Tarde

sex, 20/03/2009 - 11h14 | Do Portal do Governo

Centro atesta que tratamento de um mês é mais eficaz no combate ao tabagismo

Um novo modelo de atendimento para ajudar dependentes de cigarros, que reduz a duração do tratamento de um ano para um mês, conseguiu ampliar em 68% o número de pessoas que abandonaram o vício, afirma o Centro Estadual de Referência do Álcool Tabaco e Outras Drogas (Cratod). Chamado de “Intensivão”, o projeto agora será expandido para todas as unidades públicas do Estado de São Paulo.

“Primeiro testamos a eficácia da técnica nos pacientes do Cratod (são em média 20 novos pacientes por mês)”, afirma a diretora do centro Luizemir Lago. “Quando atestamos que o fato de encurtar o tratamento ampliou de 27% para 45,5% o índice de abandono do vício já no primeiro mês, decidimos adotar o ‘Intensivão’ como padrão. Agora, faremos a capacitação de profissionais de outras unidades”, reforça Lago, que é responsável pela política antidrogas de todo o Estado.

A readequação do método consiste na reposição da nicotina por meio de adesivos. Na proposta antiga, adotada até o fim do ano passado, os pacientes ficavam até três meses com o mesmo nível de reposição de nicotina (de 21 mg para quem fuma cerca de um maço por dia) e só então a concentração diminuía gradativamente. Agora, a redução é semanal.

“Quando não conseguimos o êxito imediato, o paciente é convidado a tentar até mais quatro vezes”, explica Lago. “Se após as tentativas ele não consegue, encaminhamos para outros tipos de tratamentos psiquiátricos, porque quase sempre existe outro problema psíquico. O cigarro acaba como balizador disso.”

Pesquisas recentes já evidenciaram que a maioria dos fumantes gostaria de abandonar o vício. Em pesquisa feita com 800 pessoas moradoras de São Paulo e dependentes do tabaco, a Unifesp encontrou a vontade de largar o cigarro em 80,5% dos participantes. No mesmo levantamento foi identificado que quem fuma já tentou parar, em média, 5,2 vezes.

Não conseguir largar o cigarro, porém, é estar mais próximo de uma extensa lista de problemas, que atingem pulmão, coração, aumentam em até 90% a incidência de câncer, prejudicam fertilidade e causam a impotência masculina. Pesquisa realizada na Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) atestou que, entre os maiores de 30 anos que fumam, o cigarro é responsável por 13% de toda a carga de doença acumulada na vida, de uma virose à pneumonia.

A ciência também já atestou que a fumaça tóxica não prejudica só quem a aspira. Em fumantes passivos os impactos também são importantes. Estudo do Hospital Universitário da USP, feito com 70 filhos de fumantes de 0 a 5 anos, encontrou em 24% deles problemas típicos de fumantes.