Instituto Butantan fará a versão nacional do botox

Folha de S.Paulo - terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

ter, 13/02/2007 - 14h55 | Do Portal do Governo

Da Folha de S.Paulo

O Instituto Butantan produzirá a versão nacional da toxina botulínica tipo A, o popular “botox”. O produto passou pela fase de testes clínicos e será submetido para aprovação do registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A expectativa é de que entre no mercado até o final deste ano.

Segundo o pesquisador Isaías Raw, presidente da Fundação Butantan, a substância produzida pelo instituto deverá custar a metade da versão importada. O país gasta por ano US$ 7 milhões na importação do produto para uso dermatológico. São, em média, 150 mil doses por ano, segundo a Anvisa.

A toxina -que é produzida pela bactéria Clostridium botulinum- age no músculo de modo a diminuir ou a eliminar os impulsos que o acionam. Pode ser usada na reabilitação de doenças neuromusculares, para suavizar rugas e vincos na pele e como soro antibotulínico, para tratar o botulismo.

Raw afirma que a toxina produzida pelo Butantan foi aprovada para essas três finalidades. Para o uso estético, o instituto fechou parceria com uma empresa privada que fez testes clínicos comparativos em 200 pessoas. “Os efeitos são iguais aos da toxina importada”, diz.

Raw não quis informar o nome da empresa que testou e vai comercializar o produto.

Segundo ele, o Butantan fornecerá a toxina botulínica, a um baixo custo, aos hospitais da rede pública que a utilizam em tratamentos médicos.

O laboratório Allergan, fabricante da toxina botulínica que leva o nome comercial de Botox e é líder na distribuição no país, informou ontem, por meio de nota, que não pode opinar sobre produtos que não conhece.

Ressalta, porém, que os produtos biológicos, como a toxina botulínica do tipo A, não são iguais e não podem ser classificados como “similares”. “Não existem garantias de que todos ofereçam os mesmos níveis de eficácia e segurança.”

A toxina botulínica fabricada pelo Allergan é aprovada em 33 países para o tratamento de diversas patologias neurológicas. No Brasil, o produto se popularizou a partir de 2001, quando a comercialização foi liberada pela Anvisa para fins estéticos e no tratamento de suor excessivo nas mãos e pés.

Segundo a dermatologista Ligia Kogos, considerada a maior aplicadora de botox do país -ou da América Latina, como ela faz questão de enfatizar-, será preciso mais pesquisas clínicas para demonstrar se a toxina botulínica brasileira será tão eficiente e segura como o Botox, que ela usa há 14 anos.