Instituto atenderá pacientes com câncer

Folha de S.Paulo-sábado 15 dezembro de 2007

sáb, 15/12/2007 - 10h01 | Do Portal do Governo

 

O Instituto Doutor Arnaldo, concebido no fim dos anos 80 para abrigar um hospital da mulher, vai mudar de finalidade antes mesmo de ser inaugurado. Seu foco agora será o tratamento do câncer. A mudança, aprovada anteontem pelo conselho deliberativo do Hospital das Clínicas, foi proposta pelo governador José Serra (PSDB).

Pela proposta anterior, o instituto teria três áreas prioritárias: saúde da mulher e do recém-nascido, transplantes e procedimentos cirúrgicos complexos e oncologia clínica. Agora, a finalidade será exclusivamente oncológica, com uma ala para o tratamento do câncer feminino, especialmente o de mama e o de útero.

O instituto terá mais de 500 leitos oncológicos, o que triplicará a atual oferta de vagas do SUS na cidade. Hoje, São Paulo tem em torno de 170 leitos exclusivamente oncológicos -sem contar os que abrigam pacientes com câncer em hospitais públicos gerais.

O detalhamento da proposta de funcionamento do instituto com essa nova função está sendo acompanhada pelo próprio governador, que deve anunciá-lo na segunda-feira.

O médico Giovanni Guido Cerri, membro titular do Conselho Deliberativo do HC, confirmou a aprovação da mudança de finalidade do instituto, mas disse que só poderia se manifestar depois que Serra anunciasse o projeto.

Segundo Dalton de Alencar Fischer Chamone, outro membro do conselho, a decisão do conselho foi unânime. “A proposta é muito boa, excelente. São Paulo tem dois hospitais públicos do coração -Incor e Instituto Dante Pazzanese- e nenhum na área de câncer.”

Questionado sobre o destino dos vários aparelhos na área de obstetrícia e neonatologia, adquiridos pelo governo estadual para equipar o instituto, Chamone disse que eles poderão ficar no Hospital das Clínicas, mas afirmou que o assunto não foi discutido na reunião do conselho deliberativo.

Segundo ata da reunião do conselho, o único membro a se posicionar contra a mudança no instituto foi o professor titular de ginecologia e obstetrícia da USP Marcelo Zugaib. Ontem, o médico não quis comentar o assunto.

Porém, a Folha apurou que o clima entre os ginecologistas e obstetras do HC é de desolação. Ao menos três médicos, que não querem se identificar, consideram que o instituto perde a chance de se tornar referência no cuidado da mulher e da criança, e, com isso, fazer com que São Paulo diminua seus índices de mortalidade materna -em torno de 55 mortes para cada 100 mil nascidos vivos.

Gestão A Folha apurou que outro ponto já definido pelo governador é sobre a gestão do instituto, que passará a ser da Fundação Faculdade de Medicina, ligada à USP.

Em outubro, o Instituto Doutor Arnaldo esteve no centro de uma polêmica.

Médicos do HC defendiam que a administração ficasse a cargo do hospital, e o governo Serra entendia que o hospital deveria ser gerido por uma organização social por meio de um contrato que definisse metas de atendimento e de gastos -cerca de R$ 120 milhões anuais.

As obras do Instituto Doutor Arnaldo começaram em 87, pararam em 94 e foram retomadas em 99.

Os atrasos são explicados por impasses jurídicos entre concessionárias que disputaram a licitação para terminar o instituto. Desde que o governo estadual retomou as obras, em outubro de 2003, já foram investidos R$ 170 milhões.

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