Infocentros tiram os adolescentes das ruas

Diário de S. Paulo - 8/5/2002

qua, 08/05/2002 - 11h02 | Do Portal do Governo

Os infocentros viraram opção de lazer para a garotada na periferia. Instalado em uma das regiões mais violentas da cidade, o centro de informatização da Casa de Cultura e Educação São Luís, no Jardim São Luís, recebe, em média, 150 pessoas por dia, a maior parte adolescentes que saem da escola e vão se distrair na Internet. “Nosso espaço ficou pequeno para a demanda. Mas conseguimos tirar os jovens das ruas e mudar a cabeça deles a respeito da vida”, diz o presidente da casa, Nestor Quinto de Oliveira.

Francinete Quinto de Oliveira, coordenadora do infocentro do Jardim São Luís, conta que o lugar é freqüentado por pessoas de todas as idades. Os jovens, segundo ela, aprendem muito rápido e os adultos, embora inseguros no início, logo se acostumam à Internet. “Eu mesma aprendi a mexer em computador aqui, porque não tenho em casa”, observa.

Tarcísio Santa Rita Franco, de 11 anos, aluno da 5ª série, é freqüentador assíduo do infocentro. Fanático pelo Corinthians, o garoto costuma pesquisar na Internet as notícias sobre o time do coração. Mas também não abre mão dos jogos e dos bate-papos. “Já fiz muitos amigos”, diverte-se. Ele é órfão de pai, tem quatro irmãos e a mãe é a única que trabalha para sustentá-los. “Se não fosse isso aqui, ia ter de ficar em casa assistindo televisão”, comenta o garoto.

Francinete diz que a maior parte dos usuários vai ao infocentro em busca de ofertas de emprego na Internet porque, além de mais rápido, ajuda a economizar o dinheiro da passagem de ônibus. Mas muitos adolescentes também querem ter acesso à rede mundial de computadores para estudar. É o caso de Celso da Silva Felipe, de 16 anos, que cursa o 1º ano do ensino médio. “Faço pesquisa para trabalhos de escola. Minha família não tem condições de comprar computador, porque é muito caro”, lamenta.

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Centrais ensinam a usar a Internet

Segundo o secretário Dalmo Nogueira Filho, existem hoje 49 infocentros instalados pelo estado na Capital e 11 no interior, mas o objetivo é, até o final do ano, dobrar esse total, chegando a 120 centros. Em 2001 o Governo do estado investiu R$ 4,8 milhões para ampliar o número de usuários de computador e, neste ano, vai injetar R$ 3,6 milhões. “A meta é permitir que 50% da população de baixa renda tenha acesso à Internet.”

A secretaria planeja instalar infocentros também em estações do metrô, da CPTM, na Febem, nos restaurantes populares da rede Bom Prato e nos postos do Poupatempo. Hoje existem infocentros nos Poupatempo de Itaquera, na Zona Leste, e de Santo Amaro, na Zona Sul. Segundo o secretário, os infocentros já cadastraram 60 mil pessoas, que usam o computador por 30 minutos. Cada centro tem 10 micros e dois monitores.

Nogueira observa que os infocentros atendem à população carente e de baixo nível de escolaridade. Segundo a pesquisa, 48% dos entrevistados fizeram o 2º ciclo do ensino fundamental (da 5ª à 8ª série), 28% o 1º (da 1ª à 4ª), 22% o ensino médio e 2% chegaram à universidade. Dos estudantes, 45% estão no ensino médio, 40% no 2º ciclo, 7% no 1º, 5% no supletivo e 3% na faculdade. Do total, 47% não estudam nem trabalham, 32% apenas trabalham, 16% estudam e não trabalham e 5% estudam e trabalham.