Inclusão na USP

Folha de São Paulo - Sexta-feira, dia 3 de novembro de 2006

sex, 03/11/2006 - 15h05 | Do Portal do Governo

O Programa da USP de distribuição de bolsas de estudo a alunos carentes é uma iniciativa oportuna. De início, serão concedidos 800 estipêndios no valor de R$ 330 mensais para alunos com renda familiar de até R$ 1.500.

Todo sistema de seleção implica exclusão, mas não há nada  mais cruel do que apanhar um estudante pobre que conseguiu ser aprovado no disputado vestibular da USP e, na prática, impedi-lo de cursar a universidade por não ter como arcar com despesas como transporte e alimentação. É essa situação que as bolsas visam a corrigir. O programa, porém, é incipiente.

Estima-se que 40% dos 10 mil ingressantes na USP em 2006 estejam em condições de receber o benefício. O mais importante, porém, é que programas de bolsas como esse não são uma iniciativa isolada. Eles estão previstos numa diretriz mais abrangente de inclusão batizada de Inclusp, que prognostica várias medidas.

Existem iniciativas interessantes e que não se limitam aos alunos que conseguiram passar no vestibular. Há, além do apoio aos estudantes, ações voltadas para escolas públicas e modificações no próprio sistema de seleção.

Merece destaque a proposta de avaliação seriada, pela qual alunos de escolas que aderirem ao sistema serão submetidos a provas aplicadas pela USP ao final de cada série do ensino médio. As notas obtidas serão ponderadas e agregadas ao resultado do vestibular.

É um modo inteligente de valorizar a história acadêmica do aluno e não apenas um instante, como se dá na Fuvest. É importante que uma instituição como a USP procure combater os efeitos mais perversos da desigualdade social. É fundamental que o faça valorizando ao máximo a excelência acadêmica -razão de ser de uma universidade. O Inclusp procura servir a esse duplo propósito.