Imigrantes: os dois lados do túnel se unem

O Estado de São Paulo - 3/5/2002

sex, 03/05/2002 - 9h55 | Do Portal do Governo

Detonação abre a passagem do TD-2; nova pista deve ficar pronta em dezembro

O barulho da explosão anuncia a vitória sobre mais um obstáculo na direção do mar. Ontem, o acionamento do detonador eliminou os últimos 4 metros que separavam as duas frentes de trabalho para a perfuração do segundo túnel da nova pista da Rodovia dos Imigrantes.

Agora, falta pouco para terminar os 2.095 metros do TD-2. A obra da Ecovias, que administra o sistema Anchieta-Imigrantes, deve estar pronta até dezembro.

O encarregado do TD-2, Manuel Damião Lima, foi o responsável pela detonação. ‘Toda pessoa que tem uma vida longa em túneis, como eu, que há quase 40 anos vivo como minhoca debaixo da terra, tem uma sensação enorme quando isso acontece’, disse.

‘Todo tuneleiro se sente orgulhoso quando termina um túnel.’ Há oito meses, quando Lima começou a comandar as obras, apenas 150 metros haviam sido perfurados na rocha.

As frentes avançam pelos lados opostos até se encontrarem. Como o ritmo de trabalho varia, a última detonação não ocorre exatamente no meio do caminho. No caso do TD-2, o encontro deu-se 1.270 metros depois da entrada voltada para São Paulo.

‘Tenho 60 anos e este é um dos maiores túneis da minha vida’, comemora Lima. Entre as obras de que participou estão escavações em hidrelétricas, o ramal Paulista do metrô e os Túneis Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros.

Preparativos – Anteontem, uma explosão diminuiu a distância entre as duas frentes, de 6,5 para 4 metros. Os preparativos finais foram de madrugada. Máquinas fizeram quase uma centena de furos na parede. Depois, injetou-se explosivo gelatinoso nos buracos próximos do contorno do túnel.

Nos centrais, usou-se explosivo líquido, menos potente. ‘Tem de haver um equilíbrio de forças para tirar toda essa massa de rochas’, disse o coordenador das obras da pista, Oscar Roberto de Souza.

Tudo tem de ser feito com cuidado. Barras de ferro fixadas nas rochas garantem que parte delas não caia com o impacto da detonação. Os operários ligaram os explosivos do TD-2 ao mesmo detonador, garantindo que fossem acionados ao mesmo tempo. Às 7h45, apenas rochas fragmentadas dividiam os lados.

Para remover o entulho, operadores de carregadeiras como José Samuel de Souza, de 38 anos, enchem os caminhões que entram sem parar dentro do túnel. Souza mora em São Vicente e está entre os beneficiados pela nova pista. ‘Vamos usar como o pessoal de São Paulo.’

Maurício Moraes