Identificada célula precursora de alergias e asma

Jornal da Tarde - Quinta-feira, 31 de março de 2005

qui, 31/03/2005 - 10h58 | Do Portal do Governo

Descoberta de cientistas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto viabilizará o desenvolvimento de novos tratamentos para essas doenças

Pela primeira vez no mundo, um grupo de cientistas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da Universidade de São Paulo (USP), conseguiu identificar e isolar as células precursoras (a origem) de mastócitos da medula óssea de camundongos. Essa descoberta viabilizará o desenvolvimento de novas terapias para os tratamentos de doenças alérgicas e asma em seres humanos.

O próximo passo – para controlar, evitar ou até eliminar essas doenças – ficará para a indústria farmacêutica, em conjunto com outros pesquisadores. ‘Alguém tem que dar o primeiro passo e foi o que fizemos’, diz a coordenadora da pesquisa e professora visitante do Departamento de Biologia Celular e Molecular e Bioagentes Patogênicos, da FMRP, Maria Célia Jamur. Sua equipe, que inclui a americana Constance Oliver, no Brasil desde 1998, está analisando agora qual proteína da célula precursora é análoga em seres humanos.

Durante a pesquisa, idealizada por Maria Célia em 1983, foram usados camundongos, que têm genética mais parecida com os humanos do que os ratos. Para chegar ao resultado final, os cientistas usaram microesferas magnéticas, com o auxílio de um imã potente, para isolar a célular precursora, de uma tecnologia que não existia no começo do trabalho e que foi adaptada nos últimos anos.

Segundo Maria Célia, sabia-se que as células do sangue têm origem na medula óssea, mas não sabia-se qual. O mastócito é uma célula que o ser humano tem em todo o corpo, muito distribuída na pele, e que é responsável pelas alergias. Conhecendo-se essa célula precursora, ainda jovem (que amadurecem nos tecidos em seguida), estudos posteriores de outras áreas da medicina poderão indicar as terapias que controlem a proliferação dessas células durante as doenças. Por enquanto, as pessoas tomam medicamentos anti-histamínicos (antialérgicos), pois a histamina (substância química ativa) está nessa célula pesquisada.

O trabalho da equipe da FMRP terminou no começo de 2004 e foi publicado no site da revista Blood, da American Society of Hematology, e em junho estará na publicação impressa da mesma revista.