IAC cria seringueiras mais produtivas

Valor Econômico A produção de borracha no Estado de São Paulo acaba de ganhar uma ajudinha extra. O Instituto Agronômico de Campinas (IAC), vinculado à Secretaria de Agricultura, anunciou nesta […]

sex, 27/01/2012 - 15h56 | Do Portal do Governo

Valor Econômico

A produção de borracha no Estado de São Paulo acaba de ganhar uma ajudinha extra. O Instituto Agronômico de Campinas (IAC), vinculado à Secretaria de Agricultura, anunciou nesta semana a criação de 15 novos clones de seringueiras com produtividade e rigor acima da média dos atuais.

A chamada série IAC-500 atraiu a atenção dos pesquisadores porque atingiu o tamanho mínimo exigido para a primeira “sangria” – o corte feito no tronco da árvore por onde escorre a borracha – em somente cinco anos. Tradicionalmente, a primeira extração ocorre aos sete anos da planta, quando ela atinge 1,50 metro de altura e 45 centímetros de circunferência.

“É a primeira vez que conseguimos reduzir o ciclo de vida a esse ponto”, diz o pesquisador Paulo de Souza Gonçalves, que liderou os estudos no IAC. “O material se mostrou altamente precoce para São Paulo”. Segundo ele, os exemplares estão em processo de registro no Ministério da Agricultura para que também possam ser testados em outras partes do Brasil.

Segundo a entidade, os novos materiais são também mais produtivos que a variedade mais plantada no Estado atualmente – a RRIM 600, importada da Ásia, que produz em torno de 1.250 kg por hectare no ano. O IAC 500 – o mais produtivo dos selecionados – produz cerca de 1.731 kg de látex por hectare, 38% a mais que o asiático.

“Um clone precoce no qual o produtor pode sangrar mais cedo certamente possibilitará o retorno financeiro do banco antecipado, para pagar o financiamento antes do prazo previsto”, diz Gonçalves.

Os 15 novos clones, batizados numericamente de IAC-500 até IAC-514, foram desenvolvidos a partir de 80 plantas selecionadas de um total de três mil da estação experimental de Campinas.

O IAC realiza a técnica de clonagem para seringueiras desde o início dos anos 1970. Diferentemente do cruzamento, uma técnica mais antiga que envolve mais de uma muda, a clonagem consiste em retirar a gema de uma planta considerada superior em produtividade e rigor e plantá-la novamente, reproduzindo todas as características genéticas da planta-matriz.

Por ora, todos os clones desenvolvidos pelo IAC são apenas recomendados para plantações em pequena escala. “É preciso pelo menos 30 anos para que para que tenhamos certeza de que ela terá sucesso em larga escala”, explica Gonçalves, levando-se em consideração desde o período de polinização e primeira seleção até a distribuição de sementes para testes nos diferentes tipos de solo do país.

O Brasil tem produzido uma média de 130 mil toneladas por ano e consumido 385 mil. O Estado de São Paulo responde por pouco mais da metade da produção nacional de borracha seca – são 77 mil hectares plantados com seringueiras de um total de 155 mil hectares no país. Mato Grosso do Sul destaca-se como outro potencial produtor, com investimentos em ascensão nos últimos anos.