Hospital recebe ‘selo’ de eficiência

Diário de S. Paulo - Sexta-feira, 5 de dezembro de 2003

sex, 05/12/2003 - 10h23 | Do Portal do Governo

Hospital Geral de Pedreira, na Zona Sul de São Paulo, teve avaliados os setores de limpeza, ultra-sonografia, radiologia e maternidade, entre outros

Regiane Monteiro

A Secretaria Estadual de Saúde divulgou ontem uma boa notícia para quem se acostumou apenas com os problemas do atendimento na rede pública da Capital. O Hospital Geral de Pedreira, responsável pelo atendimento dos moradores de Cidade Ademar, na Zona Sul de São Paulo, recebeu ontem o certificado de qualidade e eficiência da Organização Nacional de Acreditação (ONA).

A ONA é reconhecida pelo Ministério da Saúde como instituição autorizada para avaliar os hospitais públicos e privados brasileiros. O órgão analisa uma série de procedimentos que identificam como andam os serviços hospitalares, equipamentos e qualidade do atendimento à população. Para ser credenciado, o Hospital Geral de Pedreira passou por avaliações de setores como limpeza, maternidade, pediatria, ultra-sonografia e radiologia.

É a primeira vez que uma unidade pública da cidade recebe a certificação. No Brasil, 21 hospitais já ganharam o título. Entre as unidades estão instituições particulares como a Pro-Matre Paulista e o Hospital Nove de Julho. “Passamos por situações difíceis em relação aos recursos financeiros. Mas esse resultado mostra que é possível manter um bom sistema de gestão”, explica Harumi Okamoto Baba, diretora assistencial do hospital.

Mas ninguém pode se enganar. O certificado de qualidade não significa o fim das filas, das quais o Hospital Geral de Pedreira não é uma exceção. Como é uma unidade de portas abertas, ou seja, recebe qualquer paciente em emergência, o hospital vive cheio e vai continuar assim. Por dia são atendidas mais de 800 pessoas. Em semanas mais críticas, esse número chega a 1.200. A certificação garante diferença no atendimento.

Segundo Harumi, ninguém sai do hospital sem ser atendido ou receber pelo menos o encaminhamento para outra unidade. “Podemos não dar o diagnóstico. Não temos cirurgia neurológica aqui, por exemplo”, diz. “Se não podemos atender, providenciamos uma ambulância. Não dá para deixar o paciente sair andando”, afirma.

O certificado de acreditação da ONA tem três graduações. O Hospital Geral de Pedreira ganhou a primeira delas. Quando chegam ao nível três, as unidades podem passar por uma nova avaliação. O Hospital Albert Einstein, por exemplo, é certificado pela Joint Comission on the Acreditation for Hospitals, entidade americana com análise ainda mais rigorosos que os nacionais. Para se ter uma idéia, dos 21 hospitais brasileiros que conquistaram o certificado de acreditação, só cinco chegaram ao nível máximo.

‘Eu não queria nem ir embora’

Ingrid Griebel

A estudante Fabíola Mourão, de 14 anos, não precisou enfrentar sozinha o medo de ser mãe tão cedo. “Os médicos me deram muita força”. O parto foi um dos cerca de 300 que acontecem todos os meses no Hospital Geral de Pedreira, na Zona Sul de São Paulo.

Na maternidade, nas salas de espera ou nos corredores do hospital, nada de reclamações. Uma pesquisa recente revelou que 95% dos pacientes estão satisfeitos com o atendimento. “Há dois anos, minha filha nasceu aqui. Eu não queria nem ir embora depois do parto. Era muita mordomia”, disse Elizandra Nogueira, de 23 anos, que aguardava pediatra. “Sempre fui muito bem atendida. Se eu fosse depender de outros hospitais da região, estaria perdida. Em alguns, não dá nem para usar o banheiro”, afirmou a secretária Marta Avelino de Oliveira, de 48 anos. A paciente Arlete Ferraz Araújo também disse que gostou do atendimento no hospital.

A explicação para tanta satisfação está no diálogo com os pacientes. Para ouvir exigências e queixas da população, a diretoria do hospital se reúne uma vez por mês com representantes da comunidade. “Queremos saber quais são as deficiências e corrigir as falhas”, disse Cid Pinheiro de Oliveira, vice-diretor do hospital.