Hospital prepara-se para centralizar doação de órgãos

ABCD Maior

qua, 06/05/2009 - 11h15 | Do Portal do Governo

Primeiro passo é capacitar profissionais para identificar morte encefálica

O Hospital Mário Covas, em Santo André, deu início ao processo para receber no ABCD a primeira OPO (Organização de Procura de Órgãos), que irá centralizar e controlar possíveis doadores em um único espaço. Atualmente, existem dez unidades no Estado de São Paulo, quatro deles na Região Metropolitana, mas nenhuma na Região.

Para a inserção de uma OPO, de acordo com o diretor clínico do Hospital Estadual Mário Covas de Santo André, Vanderley da Silva Paula, o primeiro passo é capacitar os médicos. “Hoje ainda falta conhecimento por parte das equipes médicas para identificação de casos de morte encefálica. Graças ao trabalho de divulgação da importância dos transplantes de órgãos pela imprensa, a população está bem mais informada e a aceitação da doação de órgãos é muito maior. Mas ainda faltam profissionais capacitados a identificar os potenciais doadores para dar início aos trâmites legais”, esclareceu.

A implementação de uma OPO no ABCD é uma discussão que já existe há quase três anos, mas só agora teve início o processo de criação. “Ficou claro que a instalação da organização na Região é bem vista pela Secretaria de Saúde, mas antes é necessário o trabalho de capacitação, que deve começar ao longo do mês de maio”, explicou o diretor clínico do Hospital Mário Covas.

O curso de capacitação, que será oferecido a profissionais de todos os serviços de urgência e emergência da Região, terá como objetivo central ensinar a notificação dos casos de morte encefálica e, conseqüentemente, de doadores de órgãos.

Além da capacitação médica e integração entre as equipes do ABCD, o Hospital Mário Covas também oferecerá sua infraestrutura para realização de exames complementares para confirmação da morte encefálica, assim como apoio técnico e consultoria profissional sempre que necessário.

Mas o diretor do hospital esclarece que a implementação da OPO não aumentará o número de transplantes na Região “A organização não trará mais transplantes, pois independentemente do lugar em que o órgão é retirado, o transplante é feito segundo a lista de espera da Central Estadual de Transplantes. A maior vantagem da instalação de uma OPO na Região é que o tema estaria ainda mais em evidência. Isso é bom para a conscientização do público leigo sobre a importância da doação de órgãos, e também serve como estímulo para que os médicos busquem capacitação e para que estejam mais atentos às notificações de casos de potenciais doadores.” Além disso, com profissionais capacitados para identificar possíveis doadores, a capitação de órgãos pode aumentar na Região.

Vida normal – A dona de casa Gerlice Pereira Lima, 45 anos, passou por uma cirurgia de transplante de rim em 2004. Foi o primeiro caso no ABCD em que o paciente recebeu um órgão de um doador cadáver. A cirurgia aconteceu no Hospital de Ensino Anchieta, em São Bernardo, e desde então Gerelice tem uma vida saudável. “Preciso controlar algumas coisas com remédio e ficar atenta com a minha alimentação, mas tenho uma vida normal”, disse.

Antes do transplante, a rotina da dona de casa era bem diferente. “Precisava ir ao hospital três vezes por semana, tinha filhos pequenos, era um sacrifício. Chegava em casa exausta. Foram nove meses na fila, nessa rotina cansativa”, desabafou.

O sucesso do transplante de Gerlice, de acordo com o diretor clínico do Hospital Estadual Mário Covas de Santo André, Vanderley da Silva Paula, é a comprovação de que a averiguação de morte encefálica pelos médicos deve ser implementada. “Quantas vidas não salvaremos quando o médico souber identificar um possível doador cadáver?”, indagou.