Hospital do Mandaqui faz festa para ‘mães de leite’

Jornal da Tarde - São Paulo - Sexta-feira, 26 de novembro de 2004

sex, 26/11/2004 - 9h22 | Do Portal do Governo

Quarenta mulheres participaram ontem de um encontro entre doadoras e bebês beneficiados pelo alimento, para comemorar os cinco anos de funcionamento do banco de leite da instituição

GILBERTO AMENDOLA

‘Doar leite materno é como se multiplicar em diversas mães’, definiu Fernanda W. Goe Mazuca, 29 anos. Ontem, ela foi ao Hospital Estadual Mandaqui, na Zona Norte, para realizar o desejo de encontrar o bebê que foi beneficiado com sua doação. ‘Fico imaginando a carinha dela’, confessou.

Outras 39 mães viveram essa mesma expectativa. A permissão para o encontro entre doadoras e bebês foi uma forma de comemorar os cinco anos de funcionamento do banco de leite do hospital. Emocionada, a coordenadora do projeto, Andrea Penha Spindola, foi a responsável pelas apresentações. ‘É difícil segurar o choro. Estou grávida de 5 meses…’

Mas a ansiedade não permitia muito suspense ou conversa. Logo, Fernanda conheceu Gladis Noieder, 40 anos, mãe da pequena Hana, 6 meses. ‘Essa é a sua filha também’, disse. ‘Como ela é linda!’, era tudo que a feliz doadora conseguia dizer.

Passado o espanto inicial, as duas mães conversaram muito, descobriram afinidades e trocaram telefones. ‘Vamos ser amigas. Tenho certeza’, afirmou Fernanda. ‘Sou muito grata. Não sei o que seria de minha filha sem o leite dela’, completou Gladis.

Hana nasceu de 8 meses e Gladis não tinha leite suficiente para amamentá-la. ‘Eu olhava para as outras mães e via suas crianças mamando. Eu chorava muito’, confidenciou Gladis.

Com Fernanda acontecia o contrário. Ela resolveu doar porque tinha excesso de leite. ‘Meu filho, Felipe, dorme durante toda a madrugada. Neste período, fico com os seios cheios. Um dia, decidi vir até o hospital e me colocar à disposição.’

O evento contou com a participação de um assustado pai. ‘No começo a gente fica meio assim. Eu ficava imaginando como meu filho podia se alimentar com o leite de outra mulher. Mas agora eu entendo e apóio esse tipo de doação’, disse José de Souza Diniz Neto, 25. O pequeno Rodrigo, 2 meses, agradece à compreensão do papai.

O Hospital Estadual Mandaqui mantém um serviço de visita às residências das possíveis doadoras. Nessa visita, são avaliadas as condições para a doação. A interessada precisa apresentar leite em excesso e amamentar seu próprio filho regularmente.

As mães podem retirar o leite em casa e armazená-lo em um refrigerador comum. ‘Nós aconselhamos que a coleta seja feita de forma manual, através de uma massagem na mama’, explicou a coordenadora. Já no hospital, esse leite passa por um rigoroso processo de descontaminação.

As interessadas em fazer doações podem entrar em contato com os bancos para receber mais informações.