Hospital das Clínicas inicia triagem

O Estado de S.Paulo - Terça-feira, 2 de outubro de 2007

ter, 02/10/2007 - 12h02 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

O Pronto-Socorro Central do Hospital das Clínicas (HC), em São Paulo, passou por um raro momento ontem. Às 8 horas, as 40 cadeiras da sala de espera da triagem permaneceram vazias por dez minutos. Durou pouco, mas essa deve ser a situação próxima do ideal daqui para a frente, se o projeto de emergência referenciada que o HC iniciou ontem surtir efeito.

O Estado adiantou a mudança no sistema de atendimento do PS do HC em agosto, após mostrar a situação crítica que se arrasta no local, com pacientes internados em macas e atendimentos feitos nos corredores (leia ao lado). Quando a mudança estiver completa, apenas pacientes encaminhados por outros hospitais, além de moradores da zona oeste da capital, serão atendidos ali.

O encaminhamento de pacientes de outras unidades de saúde ao PS do HC será realizado por meio de contato prévio entre as centrais de regulação de vagas estadual e municipais e o Plantão Controlador do hospital.

Segundo a diretora do PS e coordenadora do projeto, Soraia Barakat, o objetivo é reduzir os atendimentos de pessoas com problemas simples e aumentar a demanda dos casos graves, para os quais o HC representa a última alternativa. “Os casos de emergência nem passam pela triagem, mas tivemos que criar essa sala de espera justamente porque havia muitos casos básicos misturados com os urgentes”, diz.

Ontem, a triagem começava na calçada. No local, uma equipe de seguranças e um assistente social perguntavam aos pacientes em que bairro moravam e qual era seu estado de saúde. Um panfleto informando sobre a mudança era distribuído aos pacientes.

LUGAR ERRADO

Uma pesquisa do HC feita com mil pacientes atendidos no PS indicou que 75% deles apresentavam problemas simples de saúde, ou seja, poderiam ser atendidos em outras unidades. O projeto de atendimento referenciado deve mudar essa situação.

Ontem, no entanto, muitas pessoas foram ao local por falta de opção. “Fui ao posto em Taipas (zona norte) e disseram que os médicos iam sair de férias”, contou Ilda Santos Mendes, de 42 anos.

Houve também quem quase não conseguiu chegar à triagem. “Só me deixaram entrar com meu pai depois que comecei a brigar, mas disseram que ninguém ia me atender”, contou Florenice dos Santos Fagundes, de 51 anos, que apelou para o HC depois de levar o pai, Inocêncio Fagundes, de 81 anos, a um posto no Embu, na Grande São Paulo. “Ele está com a pressão muito alta e lá disseram que eu teria que voltar para uma consulta em 5 de novembro”, disse.

Pacientes de outras cidades, como Inocêncio, representam mais de 45% das 1.400 pessoas que chegam aos quatro prontos-socorros do HC. “Ele veio aqui mas poderia ter passado em hospitais mais próximos, como o de Osasco, que podem atendê-lo bem”, afirmou Soraia.