Homicídios têm queda de 40% em SP

O Estado de S.Paulo - Sexta-feira, 10 de Junho de 2005

sex, 10/06/2005 - 11h51 | Do Portal do Governo

Dados da Seade mostram diminuição do número de mortes de 6.638, em 99, para 3.945, em 2004; no Estado, redução foi de 29%

Ricardo Brandt

O número de homicídios na cidade de São Paulo teve queda de 40% entre 1999 e 2004. Em todo o Estado, a redução foi de 29% no mesmo período. Os dados são de uma pesquisa da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), divulgada ontem pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). ‘Queremos que o case mundial não seja o Tolerância Zero, de Nova York. Mas seja a união social e policial do Jardim Ângela’, disse o governador, que escolheu o bairro da zona sul para anunciar a queda dos crimes.

Pelo estudo da Seade, feito com base em atestados de óbito, em 1999 foram assassinadas na capital 6.638 pessoas. No ano passado, esse número caiu para 3.945. São 2.693 mortes a menos em cinco anos.

A queda no interior teve escala bem menor: 2%. O secretário da Segurança, Saulo Abreu, afirmou que isso ocorre porque o número de assassinatos da maioria das cidade já era muito baixo. Segundo Alckmin, dos 645 municípios do Estado, mais da metade (374) não registrou nenhum assassinato em 2005.

Considerando o número de mortes violentas em relação ao total de habitantes, o Estado atingiu a menor taxa dos últimos 11 anos. Foram 28,4 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes – taxa não atingida desde 1994. Em 1999, por exemplo, esse índice chegou a 43,2.

Na capital, a taxa é maior. Foram 36,9 assassinatos em 2004 em cada grupo de 100 mil moradores. Em 1999, o índice bateu o recorde de 64,2.

A queda dos índices de homicídio foi anunciada ontem por Alckmin e Saulo como uma conquista das ações integradas de combate à criminalidade no Estado. Para o governador, a redução da violência em São Paulo foi porcentualmente maior que a de Nova York – onde a política de tolerância zero contra delitos valeu reconhecimento mundial ao prefeito que a capitaneou, Rudolph Giuliani.

Especialistas ouvidos pelo Estado dizem que não há motivos para comemoração. ‘Mesmo com a queda dos casos de homicídio, os índices de violência de São Paulo ainda são muito altos’, disse o sociólogo Guaracy Mingardi, diretor-científico do Instituto Latino Americano das Nações Unidas Para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente (Ilanud).

‘Nos EUA, houve uma redução geral da criminalidade. Aqui não se tem uma redução em mesma escala dos índices de crimes contra o patrimônio, por exemplo’, concluiu Mingardi. Saulo, por sua vez, disse que a redução nos roubos tem ocorrido, mas em menor escala.

Diretor do Instituto Sou da Paz, Denis Mizne acredita que a queda nos índices de homicídios não pode ser atribuída a um único fator. ‘É uma ação conjunta da polícia, da sociedade civil e da comunidade.’