Henry Moore triplica público sabadeiro na Pinacoteca

Folha de S. Paulo - Segunda-feira, 18 de abril de 2005

seg, 18/04/2005 - 9h19 | Do Portal do Governo

Exposição de artista inglês faz público de sábado, dia em que a mostra é gratuita, chegar a 3.000 pessoas

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Como já esperava a direção da Pinacoteca do Estado, a abertura da exposição de Henry Moore fez com que a visitação ao museu aumentasse durante o fim de semana. Especialmente no sábado, quando a entrada é gratuita.

O número de visitantes deste sábado quase triplicou em relação ao sábado passado: foram 3.010 pessoas, contra os 1.050 da semana anterior.

A alta visitação, porém, não comprometeu o sossego no ambiente de exposição. As peças do escultor britânico estão bem espalhadas por todo o primeiro andar do edifício -e em nenhum momento houve formação de filas na porta do museu. ‘Até consegui parar meu carro no estacionamento. Está bem agradável. Dá para ver as peças sem nenhum problema’, disse o professor de artes José Milton Turcato, 45.

A mostra de Moore foi o motivo de visita alegado por todos os visitantes entrevistados, exceto pelo agente de turismo Luciano Machado, que chegou completamente desavisado, mas acabou entrando de cabeça no clima: ‘Isso parece um labirinto inca’, disse, sobre um modelo em gesso, antes de ver que o nome da peça era ‘Cidade de Pedra’ -e sem saber que muitas das peças de Moore remetem à arte pré-colombiana.

As curvas e os espaços vazios criados pelas esculturas do artista britânico eram citados a todo o momento, inclusive pelas crianças. ‘São as marcas do trabalho dele’, disse o monitor da Pinacoteca e artista plástico Diogo de Moraes, 22. ‘Também são muito freqüentes perguntas sobre o por quê das figuras reclinadas e sobre os temas da maternidade e da figura feminina.’

Como explicou Moraes a muitos de seus ouvintes, as figuras reclinadas das esculturas e das gravuras de Moore, em posição horizontal e quase sempre apoiadas pelo braço, sintetizam um dos principais esforços do artista: o de transformar as formas do corpo humano em elemento paisagístico, lembrando a figura de montanhas, pedras, ou até mesmo ossos em tamanhos gigantes.

As esculturas (117 peças) decerto foram o principal atrativo da mostra, roubando a atenção de um grupo numeroso de desenhos (72) e gravuras (50). ‘Com certeza as esculturas chamam mais a atenção. Os trabalhos bidimensionais a gente pode ver num livro, numa revista’, disse a operadora de telemarketing Thaís Vieira, 18, que se deteve brevemente em frente à litogravura ‘Dezessete Figuras Reclinadas com Fundo Arquitetônico’, de 1963.

‘Esses desenhos são importantes’, defende Moraes. ‘Nos mais antigos [de 1920 e 1930], muitos deles baseados em ossos que Moore colecionava, há estudos que deram origem a algumas das esculturas’, completa. Pelas décadas seguintes, o plano bidimensional ganha independência na obra do escultor e deixa de ser tratado como estudo.

No octógono central do museu, ocupado pelas peças de dimensões maiores, muita gente parava para tirar foto. Com a permissão dos seguranças, que trabalharam principalmente para evitar que o público infantil tocasse nas obras e para proibir anotações em cadernetas e bloquinhos, o que foi motivo de reclamação por parte de vários estudantes.


Henry Moore – Uma Retrospectiva/Brasil 2005
Curadoria: Anita Feldman Bennet e David Mitchinson

Quando: de ter. a dom., das 10h às 18h; até 12/6
Onde: Pinacoteca do Estado (praça da Luz, 2, tel. 0/xx/11/ 3229-9844)
Quanto: R$ 4 (grátis aos sábados) Patrocínio: Bradesco