Helicópteros resgatam 36 moradores do Aricanduva

Diário de S. Paulo - Quinta-feira, 5 de fevereiro de 2004

qui, 05/02/2004 - 9h24 | Do Portal do Governo

Grupamento Aéreo da Polícia Militar salva 21 adultos e 15 crianças da área inundada. Entre os resgatados, um bebê e uma mulher de 100 quilos

PLÍNIO DELPHINO

A região do Aricanduva, na Zona Leste de São Paulo, inundada pela chuva que caiu na tarde de ontem, recebeu ajuda do céu. Três helicópteros do Grupamento Aéreo da Polícia Militar fizeram um total de cinco horas e 12 minutos de vôo e resgataram 36 pessoas, salvando muitas delas da morte. Entre as vítimas, uma criança de três dias e uma mulher paraplégica com aproximadamente 100 quilos foram salvas pelos “PMs do ar”.

Segundo o major Emílio Luiz Santana Panhoza, comandante interino do grupamento, na própria base, no Campo de Marte, Zona Norte de São Paulo, é feita uma avaliação dos riscos de alagamento. “As aeronaves decolaram antes de a chuva cair. Vimos o céu negro e já nos antecipamos”, explicou.

A região do Aricanduva foi a mais castigada. “Lá de cima a imagem era do caos. Carros eram jogados uns nos outros pelas águas, era gente sobre telhados, sobre carros, lajes, equilibrando-se em muros”, lembrou o capitão Carlos Eduardo Falconi, que pilotou uma das aeronaves – o Águia 6. Esse helicóptero resgatou 12 adultos e quatro crianças. “A maioria se equilibrava no muro que divide a avenida Aricanduva do córrego. Resgatamos dois funcionários da CET, que tentavam ajudar mas acabaram ilhados também”, contou o capitão.

Barreiras

Segundo Falconi, todas as aeronaves se utilizaram muito do cesto para resgatar as vítimas. “Usamos esse equipamento porque o local não permitia que descêssemos a um altitude mais baixa. Havia muitos fios, postes, muitas barreiras”, explicou. O cesto suporta carga de 400 quilos, tem cerca de dois metros de altura e carrega até três pessoas, segundo o capitão. “Foi com ele que resgatamos uma moça com uma criança de três dias”, disse Falconi.

O helicóptero Águia 11 voou por 1h40, resgatou seis adultos e 11 crianças. O Águia 5 voou por 1h25 e salvou três adultos.

O tenente Alexandre Bondezan e sua equipe trabalharam contra o tempo para resgatar três mulheres na Rua Antônio Silvério. “Duas delas tinham a água pelo pescoço na porta de casa. Uma terceira era paraplégica não conseguiu sair da casa. Tivemos que utilizar uma escada para tirá-la da casa. Usamos o rapel como técnica, pois não daria para usar o cesto por falta de espaço para a operação. Foi difícil, mas sabíamos o que estávamos fazendo”, disse o tenente. De 1984 até dezembro do ano passado, o grupamento realizou 1569 salvamentos e auxílio à Defesa Civil.