HC vai entregar em casa medicamentos para transplantados

Diário de S. Paulo - 07/10/03

ter, 07/10/2003 - 11h24 | Do Portal do Governo

Programa começará em novembro e atenderá, na 1ª etapa, 365 dos 3.600 pacientes de rim e fígado, que pagarão apenas R$ 5 por mês pelo serviço

Jaqueline Falcão

Pela primeira vez, pacientes transplantados de rim e de fígado do Hospital das Clínicas (HC) começarão a receber os medicamentos em casa a partir de novembro. O programa de entrega, que já atende 130 pessoas com outras doenças e que não podem se locomover, integrará 365 pacientes atendidos pela farmácia do hospital. O custo mensal do serviço, realizado por uma empresa contratada, será de R$ 5 por paciente.

A ampliação do programa atenderá uma reivindicação dos próprios usuários na ouvidoria do HC, segundo a diretora da Divisão de Farmácia do HC, Sonia Cipriano. “Iniciamos a entrega com pacientes do Núcleo de Atendimento Domiciliar Interdisciplinar há cinco meses. Mas outras pessoas queriam participar do programa.

Pagar R$ 5 é mais barato ou quase o mesmo que se gasta para vir ao HC”, explica Sonia. Já o Instituto do Coração (Incor) entrega 300 remédios por dia em domicílio, há três anos.

A farmácia do Hospital das Clínicas, o maior da América Latina, atende 4.200 receitas médicas por dia. O tempo médio de espera na fila é de 90 minutos. O número de transplantados de rim atendidos pela farmácia da unidade chega a 3 mil e o de fígado, 600.

O secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, diz que o objetivo do programa é facilitar o acesso da população aos medicamentos e diminuir a fila no hospital em busca de remédios. Os medicamentos utilizados por transplantados custam cerca de R$ 2 mil.

Existem critérios para a inclusão no programa. Ser transplantado há mais de um ano e não ter alteração na prescrição dos medicamentos são os principais. O paciente precisa ainda seguir o tratamento e tomar as doses corretamente.

A entrega ficará acertada por três meses. Passado o período, o usuário retornará ao HC para renovar o pedido de transporte de remédios. A secretaria pretende contemplar mais transplantados na próxima etapa. Os 8.000 pacientes de de epilepsia também serão beneficiados.

“É um projeto que nesses primeiros meses tem dado muito certo. A intenção é aumentá-lo gradativamente”, diz o superintendente do Hospital das Clínicas, José Manoel de Camargo Teixeira.

Programa beneficia pacientes de todo o Estado

Na lista de pacientes que recebem remédios do Hospital das Clínicas (HC) há moradores da Capital, cidades da Região Metropolitana, Baixada Santista e Interior do estado.

“Além de São Paulo, por aqui passam pessoas de municípios como Mauá, São Bernardo do Campo, Santo André, Osasco, Atibaia, Tatuí, Sorocaba, Piracicaba, São José dos Campos e Santos”, enumera a diretora da Divisão de Farmácia do HC, Sonia Cipriano.

Celso Alexandre Tavares, de 39 anos, tem esclerose múltipla e passa o dia na cama. Paciente do HC há 12, ele foi um dos primeiros a ser atendido pelo programa de entrega domiciliar de remédio do hospital. Em sua casa chegam oito tipos de medicamentos por mês, desde pomadas e vitaminas a medicamentos mais fortes.

Sua mãe, Benedita Terezinha Tavares, de 60 anos, conta que se tivesse de ir ao hospital buscar os itens gastaria R$ 6,80 com quatro ônibus (ida e volta) e precisaria que alguém cuidasse do filho. Ela também enfrenta problemas com sua saúde e prefere pagar os R$ 5. “Esse programa facilita muito a nossa vida. Estou com artrose e meu filho só sai de casa de ambulância”, diz Benedita.