HC usará eletricidade obtida com hidrogênio

Correio Popular - Campinas - Quarta-feira, 20 de outubro de 2004

qua, 20/10/2004 - 9h32 | Do Portal do Governo

Projeto desenvolvido pela Unicamp em parceria com a CPFL, com tecnologia totalmente nacional, será implantado a partir de 2006

Adriana Leite, da Agência Anhangüera

A partir do final de 2006, o Hospital das Clinicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) terá parte da energia elétrica utilizada na unidade médica gerada através da integração de célula combustível de hidrogênio, uma microturbina e um painel fotovoltaico (movido a energia solar) em paralelo com a rede de distribuição convencional. No total, serão gerados 6 kW de energia. A experiência, pioneira no Brasil, é resultado de uma parceria entre a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL Energia) e o Laboratório de Hidrogênio da universidade. O projeto vai consumir R$ 5 milhões em seis anos.

A célula combustível será alimentada com gás natural. O trabalho foi apresentado ontem durante a abertura do 5º Encontro de Energia no Meio Rural e Geração Distribuída, que ocorre até amanhã no Centro de Convenções da Unicamp. Os técnicos da universidade e da CPFL mostraram o reformador incorporado acoplado a um sistema de purificação que será usado na prospeção científica. O equipamento criado por meio da parceria possibilita a utilização do gás natural para produzir hidrogênio, base da geração de energia elétrica no projeto.

O coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe), Ênio Peres da Silva, afirmou que o trabalho conjunto proporcionou o desenvolvimento do sistema com o reformador incorporado, o sistema de purificação e a célula combustível. Ele comentou que a célula foi importada dos Estados Unidos a um custo de cerca de R$ 140 mil. O equipamento ainda não chegou ao Brasil.

‘O reformador é um protótipo que será usado no projeto de geração distribuída de energia. É possível usar gás natural e também há projetos para a utilização de etanol (álcool) para gerar hidrogênio’ , comentou.

Silva revelou que o reformador incorporado custou R$ 95 mil e foi desenvolvido em um ano.

A experiência servirá para avaliar a geração de energia conjunta por meio de três tecnologias diferentes: célula combustível de 6 kW, uma microturbina de 24 kW e painel fotovoltaico de 10 kW. O pesquisador salientou que a experiência começará a fornecer energia elétrica para o HC a partir do final de 2006 e início de 2007.

‘A energia gerada pela experiência será complementar ao produto consumido da rede convencional que é fornecido pela CPFL’ , esclareceu.

O coordenador do Nipe disse que o novo sistema tem como possíveis mercados os consumidores comerciais e industriais, além de poder ser utilizado em localidades isoladas. O grupo da Unicamp vai implantar experiências semelhantes à do HC nos Estados do Amazonas e Mato Grosso.

‘Em ambos, trabalhamos com outros parceiros. Na comunidade de Arexi, na cidade de Anamã (AM), será usado gás natural, e no Pantanal será o etanol (álcool), afirmou.

Sistema utiliza gás natural ou álcool

O diretor de Engenharia e Gestão de Ativos da CPFL, Rubens Ferreira, observou que uma das principais inovações do projeto é que o novo equipamento dispensa o uso dos grandes cilindros de hidrogênio para abastecer a célula combustível.

‘A recuperadora é quase que portátil e não é preciso usar grandes cilindros de hidrogênio. Outra vantagem é que o hidrogênio é produzido através de gás natural ou etanol’ , disse o diretor. Ele lembrou que a tecnologia de célula combustível foi desenvolvido na década de 70 pela Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) para as naves espaciais.

Ferreira afirmou que a CPFL não pretende vender equipamento ou a tecnologia para o mercado. ‘O desenvolvimento de um projeto desse porte até a sua entrada no mercado leva entre 5 e 10 anos’ , ressaltou.

Segundo ele, um dos objetivos da CPFL com a participação no projeto é melhorar a proteção do sistema de distribuição de energia em sua rede.

O gerente completou que as experiências com fontes alternativas de energia crescem no País.

Ainda segundo Ferreira, o trabalho conjunto da concessionária com a Unicamp serve para geração de energia de back-up, no-break (que garantem a continuidade do fornecimento em caso de problemas com a rede convencional) ou como fontes complementares em hospitais.

Os técnicos da CPFL afirmaram que os 6 kW gerados na experiência no HC dariam para alimentar uma residência de classe média com até quatro moradores. (AL/AAN)