HC testa método para prevenir TOC

Jornal da Tarde Quem tem parentes de primeiro grau com transtorno obsessivo compulsivo (TOC) apresenta um risco maior de desenvolver a doença. O motivo está relacionado não apenas à herança […]

qua, 29/02/2012 - 17h09 | Do Portal do Governo

Jornal da Tarde

Quem tem parentes de primeiro grau com transtorno obsessivo compulsivo (TOC) apresenta um risco maior de desenvolver a doença. O motivo está relacionado não apenas à herança genética, mas sobretudo à influência comportamental que os pacientes podem exercer sobre seus familiares. Por isso, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) está recrutando famílias para testar um método de treinamento com o objetivo de prevenir o surgimento do problema em crianças que tenham parentes diagnosticados.

Se na população em geral a prevalência do TOC é de 2,5%, entre os familiares de primeiro grau de um paciente essa taxa chega a 17%, de acordo com os especialistas. Entre os sintomas mais conhecidos estão o excesso de higiene, o hábito de alinhar objetos a e a adoção de alguns rituais – situações que trazem prejuízo significativo na vida dessas pessoas, chegando a atrapalhar as atividades de rotina, a escola, o trabalho e os relacionamentos.

Coordenadora da pesquisa do HC, a psicóloga Priscila Chacon afirma que atualmente existe um grande esforço acadêmico e clínico para identificar sinais precoces do TOC. “Boa parte das pessoas com TOC já apresentava sinais desde a infância e adolescência”, diz. Quanto mais cedo ocorrer a intervenção terapêutica, maiores as chances de sucesso do tratamento.

Para o estudo, a instituição está recrutando crianças e adolescentes de 2 a 17 anos que tenham pais ou irmãos com TOC. Em metade das famílias, os pais receberão orientações de estratégias para minimizar os sintomas e diminuir a probabilidade de a criança vir a ter a doença. Os filhos serão avaliados periodicamente durante um ano. No final do período, os pesquisadores vão comparar o desenvolvimento dessas crianças com as do grupo no qual os pais não receberam o treino.

Nas crianças, a doença pode se manifestar por meio de algumas manias específicas, como colecionar objetos de forma excessiva, apagar a lição várias vezes até que a letra esteja perfeita ou tomar muitos banhos. A psiquiatra Ana Gabriela Hounie, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), acrescenta que essas crianças costumam ficar muito ansiosas quando estão longe dos pais, além de cultivarem medos e pensamentos de que algo ruim está prestes a acontecer. “Quando são manias muito rígidas, que os pais não conseguem modificar, é sinal de TOC”, diz.

Segundo Priscila, uma das atitudes dos pais que podem interferir no surgimento do TOC nos filhos é a superproteção. “Existem evidências na literatura que estabelecem uma possível relação entre superproteção e TOC”, diz. Pais portadores do transtorno também exercem essa influência. “Se uma mãe tem TOC e tem obsessões com limpeza, ela ensina que o filho não pode se sujar, andar descalço, e a criança aprende um padrão obsessivo”, completa Ana Gabriela. São atitudes como essas que os pais aprenderão a controlar no treino do HC.

Serviço:

Interessados devem ligar para 2661-7594, deixar recado com nome, telefone e melhor horário para contato, ou enviar um e-mail (priscilachacon at usp.br). Inscrições apenas por telefone ou e-mail.