HC limitará atendimento de casos simples

Folha de S.Paulo - Segunda-feira, 5 de novembro de 2007

seg, 05/11/2007 - 15h09 | Do Portal do Governo

Folha de S.Paulo

O Hospital das Clínicas vai endurecer a triagem no atendimento a pacientes em seus quatro prontos-socorros a partir do dia 12. A medida é uma segunda etapa da implantação do sistema de emergência referenciada, iniciado em 1º de outubro com o objetivo de melhorar o atendimento no hospital dando prioridade aos casos graves e reduzindo a demanda.

Na prática, isso significa que pacientes com problemas considerados muito simples e que venham de localidade que não o distrito de Pinheiros -onde está o HC- e sem encaminhamento não deverão ser atendidos no hospital.

Na primeira fase do projeto, os pacientes eram apenas informados sobre as mudanças.

Por meio de comunicado entregue desde 1º de outubro, o HC informa que deverão ser atendidos pacientes graves ou encaminhados por serviços de emergência das regiões Sul e Centro-Oeste, pacientes com problemas graves encaminhados por hospitais regionais ou AMAs (Assistência Médica Ambulatorial) e moradores do distrito de Pinheiros, com documento de identidade e comprovante de residência.

Quem não preencher esses requisitos, será orientado a buscar atendimento em unidades de saúde de sua região.

Segundo a coordenadora do projeto, Soraia Barakat, haverá bom senso para julgar o estado do paciente. “Acima de qualquer exigência, estará a sua condição clínica”, disse. “Ninguém que chegar aqui sufocando, por exemplo, deixará de ser atendido por ser de longe.”

Ela diz que, em pouco mais de um mês do sistema, o HC reduziu em cerca de 35% o número de atendimentos, que chegavam a 1.400 em dias de pico, somando-se os prontos-socorros dos institutos Central, de Ortopedia, da Criança e do Coração. Desses, 70% poderiam ser resolvidos na rede local.

Coração e criança

Nos institutos da Criança e do Coração (InCor), afirma Soraia, o atendimento foi reduzido em menor escala porque “muitas vezes não é possível detectar a real gravidade dos sintomas do paciente”.

Desde o início do projeto, o HC chegou a ter 200 atendimentos em dias de fim de semana, “o que permite que esse atendimento aconteça com muito mais qualidade”.

Na quinta-feira, a Folha detectou que alguns pacientes que esperavam atendimento no pronto-socorro do Instituto de Ortopedia não haviam passado pela triagem e desconheciam as mudanças no HC.

Era o caso da cozinheira Esmalta Galdino de Souza, 59, que veio de Taboão da Serra (Grande SP) com dores no joelho e nas pernas. “O HC é bom, lá no atendimento local só me davam um remédio e ninguém resolvia meu problema”, diz.

Já o feirante Cícero Cosme da Silva, 52, acompanhava a mulher, Maria Laudice, 57, que era atendida em razão de uma dor na coluna. Eles moram em São Miguel Paulista (zona leste). “Viemos de longe. Na unidade de saúde lá marcam em um caderno e demoram para chamar para atendimento. Aqui é mais seguro”, afirma.